Em Comores, a escolha de deixar o islã para seguir a Jesus é tão arriscada que muitos cristãos mantêm a fé em segredo. A conversão pode resultar em denúncias e detenção. Pessoas que seguem qualquer religião que não seja o islã não podem compartilhar a fé; portanto, os cristãos que evangelizam podem ser submetidos a penas legais, como fianças e até um ano de prisão. Em algumas regiões do país, grupos extremistas islâmicos ameaçam cristãos com violência.
Tirus, cristão perseguido de origem muçulmana
Comores voltou a fazer parte dos 50 países que compõem a Lista Mundial da Perseguição por causa do aumento da pressão do governo local e das comunidades sobre os cristãos, além do aumento nas denúncias de ataques violentos.
O governo disse publicamente que a liberdade religiosa só é oferecida aos estrangeiros que moram no país, não para os comorianos. Comores já esteve no Top10 da Lista Mundial da Perseguição década de 1990 e no Top20 nos anos seguintes.
Apesar do aumento da oposição, a situação dos cristãos no país hoje é melhor do que era há 20 anos.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos em Comores são: opressão islâmica e paranoia ditatorial.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos em Comores são: líderes religiosos não cristãos, cidadãos e quadrilhas, parentes e oficiais do governo.
Cristãos de origem muçulmana são os mais vulneráveis à perseguição.
Em muitas famílias comorianas, as mulheres têm direito à herança da família, o que as ajuda a ter certa proteção contra a perseguição. Porém, aquelas que se convertem ao cristianismo antes de receber a herança vivem sob o risco de serem deserdadas, o que pode levá-las à pobreza.
Mulheres solteiras também podem ser submetidas a casamentos forçados com homens muçulmanos. Aquelas que recusam o casamento são excluídas da comunidade.
Comores é uma sociedade matriarcal, por isso, espera-se que o marido se mude para a casa da família da esposa. Isso torna os homens economicamente dependentes da família, o que dificulta em muitos casos a escolha de deixar o islã e tornar-se cristão.
A conversão ao cristianismo pode trazer abuso verbal, desigualdade, privação de alimentos e divórcio. Homens cristãos também enfrentam discriminação no ambiente de trabalho.
A Portas Abertas trabalha com parceiros locais para fortalecer a Igreja Perseguida no Leste Africano por meio de discipulado e projetos de desenvolvimento socioeconômico.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para os projetos da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos. Doando para esta campanha, sua ajuda vai para locais onde a perseguição é extrema e a necessidade é mais urgente.
Altíssimo Deus, agradecemos ao Senhor por cada um dos seus filhos em Comores. O Senhor sabe o nome de cada um deles, as dificuldades que enfrentam e o grande custo que muitos deles têm pago para lhe seguir. Pedimos que esteja presente com o seu povo e que eles tenham todas as necessidades supridas abundantemente no Senhor. Fortaleça os cristãos que estão sob perseguição para que eles sejam encorajados na fé e estejam a salvo de todo mal. Derrame sua cura sobre os feridos. Clamamos por oportunidades para que o evangelho seja anunciado e assim mais pessoas se acheguem a Jesus. Que a igreja em Comores brilhe a luz de Cristo todos os dias. Amém.
HISTÓRIA DE COMORES
Comores pode ter sido habitado pelo povo malaio-polinésio nos séculos 5 e 6 e possivelmente antes. Outros povos vieram de países africanos próximos e de Madagascar; árabes também compunham uma parte significativa da população. As ilhas Comores só apareceram no mapa mundial da Europa em 1527, quando foram representadas pelo cartógrafo português Diego Ribero. Algum tempo depois, no século 16, os primeiros europeus conhecidos por visitar o arquipélago parecem ter sido portugueses.
Em 1843, a França tomou posse oficial de Mayotte, e em 1886 colocou as outras três ilhas sob sua proteção. Ligado administrativamente à Madagascar em 1912, Comores se tornou um território da França no exterior em 1947 e estava representado na Assembleia Nacional Francesa. Em 1961, um ano após Madagascar se tornar independente, as ilhas receberam autonomia interna. A maioria nas três ilhas votou pela independência em 1974, mas a maioria dos habitantes de Mayotte preferiram continuar sob o governo da França. Quando a Assembleia Nacional da França manteve que cada ilha deveria decidir seu próprio status, o presidente comorense Ahmed Abdallah (que foi deposto no final daquele ano) declarou todo o arquipélago independente em 6 de julho de 1975.
Após anos de instabilidade política que se seguiu à independência da França em 1974 e 1975, o arquipélago de Comores passou por uma transição democrática em 2006. Naquele ano, Ahmed Abdallah Mohamed Sambi se tornou presidente de Comores em uma eleição que analistas internacionais descreveram como amplamente livre e justa. Essa foi a primeira transferência de poder pacífica e democrática na história do país.
Em 2008, o Exército da União do Desenvolvimento Nacional lançou um golpe militar sem sangue e bem-sucedido que levou à remoção do antigo presidente, Mohamed Bacar, da ilha Anjouan, que então fugiu do país. Moussa Toybou se tornou o presidente eleito em um processo em geral livre e justo, em 2008. Em novembro e dezembro de 2010, eleições ocorreram para decidir o novo presidente da União do Arquipélago, já que havia governadores diferentes para cada uma das três principais ilhas, sendo elas Grande Comore, Mohéli e Anjouan. Novamente, em 2016, o país passou no teste de manter eleições pacíficas quando o antigo líder do golpe, Azali Assoumani, venceu, tendo atuado anteriormente como presidente de 2002 a 2006. Desde então, o país permanece politicamente estável.
Em março de 2019, o país realizou eleições presidenciais e, como reportado pela Reuters em 27 de março de 2019: “A comissão eleitoral de Comores declarou o presidente Azali Assoumani reeleito em um turno único após uma eleição que a oposição rejeitou como fraudulenta”. Em janeiro de 2020, em eleições gerais boicotadas pela oposição, o partido do presidente conquistou 17 das 24 cadeiras legislativas. O segundo turno das eleições ocorreu em fevereiro de 2020 e o partido no governo ganhou quatro dos cinco assentos restantes.
HISTÓRIA DA IGREJA EM COMORES
Os portugueses levam o crédito pela introdução do cristianismo na ilha, em 1517. Entretanto, isso não teve efeito duradouro e a fé cristã foi reintroduzida pela França quando a ilha de Mayotte se tornou colônia francesa, em 1843. Após a independência, em 1975, a organização missionária evangélica, Africa Inland Mission, começou a expandir seu trabalho missionário, mas quando o governo começou a se alinhar com países muçulmanos, os missionários foram expulsos em 1978. Da mesma forma, o trabalho iniciado por outros grupos cristãos, como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, também foi interrompido pelo governo.
CONTEXTO DE COMORES
Comores é um país de maioria muçulmana, predominantemente sunita. De acordo com o World Christian Database (WCD), apenas cerca de 0,5% da população é cristã. O próprio governo reconhece feriados religiosos islâmicos como feriados nacionais, como o nascimento do profeta islâmico Maomé, o fim do Ramadã, a Festa do Sacrifício e o Ano Novo Islâmico. Embora aulas sobre islamismo não sejam obrigatórias nas escolas estaduais, elas são associadas às aulas de árabe na educação pública no ensino fundamental. Devido à baixa qualidade da educação pública e o fato de que escolas particulares são com frequência inacessíveis, as madraças islâmicas podem completar o vácuo educacional. Na verdade, quase todas as crianças entre quatro e sete anos participam de escolas islâmicas onde aprendem a ler e recitar o Alcorão.
O governo favorece o islamismo, na sociedade civil, na educação e no governo há uma forte pressão de islâmicos conservadores. Isso é refletido na posição de Comores quanto às ONGs. ONGs cristãs enfrentam discriminação enquanto ONGs islâmicas são bem-vindas. Apesar da democratização da sociedade de Comores, parece que desenvolvimentos islâmicos na região, por exemplo, o avivamento islâmico em Madagascar, nas Ilhas Maurício e nas Maldivas se fortaleceu, levando em consideração que países ocidentais estão menos ativos no arquipélago do que países de maioria muçulmana.
Convertidos ao cristianismo enfrentam sérias discriminações na sociedade e são forçados a enviar os filhos para madraças para aprender o Alcorão.
Comores é densamente povoado, com cerca de 465 habitantes por quilômetro quadrado, e mais da metade da população (53%) tem menos de 20 anos. Os comorianos mantêm o sistema familiar patriarcal com a mulher encarregada do papel de iniciar o casamento e construir a casa para a família. O homem ainda mantém a liderança espiritual, mas, culturalmente, a mulher tem uma influência forte na família, o que não é comum em outras partes da África e, sem dúvidas, no mundo.
Há apenas uma universidade no país, a Universidade de Comores, com um campus principal localizado na capital, Moroni. Ela abriu suas portas em 2003.
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