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Egito

EG
Egito
  • Tipo de Perseguição: Opressão islâmica, paranoia ditatorial
  • Capital: Cairo
  • Região: Norte da África
  • Líder: Abdel Fattah al-Sisi
  • Governo: República presidencialista
  • Religião: Islamismo, cristianismo
  • Idioma: Árabe, inglês e francês
  • Pontuação: 68


POPULAÇÃO
106,2 MILHÕES


POPULAÇÃO CRISTÃ
9,7 MILHÕES

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R$

Como é a perseguição aos cristãos no Egito? 

Cristãos relatam que a maioria das violações da liberdade de religião no Egito acontecem na esfera da comunidade. Os incidentes variam entre cristãs sendo assediadas enquanto andam nas ruas e multidões iradas de muçulmanos que unem toda a vizinhança para expulsar os cristãos, cujas casas e pertences são confiscados por esses grupos.  

Esses incidentes acontecem com maior frequência no Alto Egito, nas comunidades rurais, onde movimentos salafistas estão ativos. O partido político salafista islâmico al-Nour continua a existir e opera legalmente no país, apesar de, constitucionalmente, partidos religiosos serem proibidos no Egito. Ele tem grande influência nas sociedades rurais, onde os índices de analfabetismo e pobreza são altos.  

O presidente do Egito, al-Sisi, discursa com frequência de maneira positiva em relação à comunidade cristã. No entanto, a falta de aplicação das leis e a indisposição de autoridades locais para proteger os cristãos os tornam vulneráveis a todo tipo de ataque, sobretudo no Alto Egito.  

É nítido o contraste entre o tratamento oferecido às mesquitas e a visão sobre novas igrejas cristãs, cuja construção é restringida, apesar das promessas do presidente de que as igrejas teriam um registro oficial e seriam legalizadas em todos os bairros. Cristãos de origem muçulmana enfrentam grande dificuldade para praticar a fé, pois a família exerce grande pressão para eles voltarem ao islã. O Estado também não reconhece a conversão ao cristianismo nesses casos. 

Apesar de saber que sou cristã, ele criticou minhas roupas. Bateu no meu rosto duas vezes e gritou insultos para mim. O policial disse que eu não poderia voltar para casa, para cuidar do meu filho doente, caso não retirasse a queixa.

Meral, cristã que foi atacada em uma farmácia por não vestir os trajes islâmicos durante o Ramadã 

O que mudou este ano? 

O Egito desceu 15 posições na Lista Mundial da Perseguição. O principal motivo para isso foi a queda no número de denúncias de violência contra cristãos e a diminuição de assassinatos e depredação de popriedades por motivos religiosos. Incêndios foram reportados em nove igrejas, em agosto de 2022, mas a causa deles permanece incerta. 

Apesar da diminuição, o nível de violência contra cristãos ainda é muito alto. Ao menos cinco cristãos são mortos e 20 cristãos são atacados por ano, entre outros incidentes. Além disso, um número significativo de cristãos de origem muçulmana foi preso ou atacado fisicamente pelas autoridades de segurança egípcias no último ano. 

Quem persegue os cristãos no Egito

O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Egito são: opressão islâmica e paranoia ditatorial.  

Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Egito são: líderes religiosos não cristãos, cidadãos e quadrilhas, parentes, grupos religiosos violentos, oficiais do governo.  

Quem é mais vulnerável à perseguição no Egito? 

Cristãos que vivem no Alto Egito (Sul do país) e nas áreas rurais no Norte, no Delta do Nilo, são os mais ameaçados. Essas são as regiões onde movimentos extremistas islâmicos são mais ativos. Cristãos de origem muçulmana também são vulneráveis à perseguição violenta. 

Como as mulheres são perseguidas no Egito? 

Mulheres que deixam o islamismo para seguir a Jesus são as mais vulneráveis. Elas correm o risco de serem isoladas e trancadas dentro de casa, abusadas ou até mesmo mortas para “defender” a honra da família. As cristãs casadas são abandonadas pelo marido quando se convertem. Eles as deixam sem qualquer suporte financeiro, tomam heranças e posses e, frequentemente, levam os filhos e os deixam inacessíveis.  

Movimentos extremistas islâmicos estão ativos nas áreas rurais, especialmente no Sul do Egito. Nessa região, mulheres cristãs relatam casamentos forçados, violência sexual e conversão compulsória. Nem as jovens são poupadas dos abusos. Mulheres cristãs casadas são alvo dos ataques quando o marido sai para trabalhar. Muitas delas vivem atemorizadas.  

Apesar de alguns avanços, o Egito tem o maior número de ataques sexuais e de violência contra a mulher no Oriente Médio (apesar de geograficamente o Egito ser parte do Norte da África, culturalmente é considerado parte do Oriente Médio). Estudos indicam que Cairo, a capital do Egito, é a metrópole mais perigosa do mundo para mulheres.  

Como os homens são perseguidos no Egito? 

Apesar do discurso amigável aos cristãos, na prática, o governo egípcio não protege a comunidade cristã. Os homens cristãos têm dificuldade para encontrar emprego e são preteridos para cargos de autoridade. A discriminação começa pelo nome, que, no Egito, indica o pertencimento a uma família cristã. 

A maioria dos líderes cristãos egípcios são homens que, pelo posto que ocupam nas igrejas, ficam particularmente vulneráveis a violações de direitos, pois são facilmente reconhecidos como cristãos.  

Casos de assédio e assassinatos de líderes cristãos geraram medo e sensação de abandono na comunidade cristã, o que levou muitos cristãos a saírem do Egito. Cristãos foram detidos e presos por causa de conteúdo que publicaram nas redes sociais, considerado blasfêmia contra o islã. 

O que a Portas Abertas faz para ajudar os cristãos no Egito? 

A Portas Abertas trabalha por meio de parceiros locais no Egito que apoiam a igreja através de cursos de alfabetização, suporte educacional, advocacy (mobilização em defesa de cristãos), assistência médica e ministérios de jovens, mulheres e família.  

Como posso ajudar os cristãos perseguidos no Egito? 

Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para os projetos da Portas Abertas de apoio a cristãos perseguidos. Doando para esta campanha, sua ajuda vai para locais onde a perseguição é extrema e a necessidade é mais urgente. 

QUERO AJUDAR

Pedidos de oração do Egito
 

  • Ore para que as autoridades se mobilizem em defesa dos direitos dos cristãos. 
  • Peça ao Senhor que proteja e fortaleça os cristãos de origem muçulmana. 
  • Clame para que o amor e a coragem dos cristãos egípcios influenciem os vizinhos e muitas pessoas cheguem aos pés de Cristo através deles. 

Um clamor pelo Egito 

Pai celeste, por favor, faça justiça aos nossos irmãos e irmãs em Cristo que estão privados dos seus direitos no Egito. Oramos por todos que estão em perigo. Rogamos que a força, a coragem, a paz e a proteção dos altos céus os alcancem. Fortaleça as igrejas históricas egípcias para que continuem resplandecendo a sua luz e conduza muitas vidas ao Senhor Jesus, mesmo em meio à perseguição. Amém. 

O Egito foi lar de uma das principais civilizações do antigo Oriente Médio e, como a Mesopotâmia mais ao Leste, foi o local de uma das mais antigas sociedades alfabetizadas e urbanas. O Egito faraônico prosperou por três mil anos por meio de uma série de dinastias nativas que foram intercaladas por breves períodos de governo estrangeiro. 

Após Alexandre, o Grande conquistar a região em 323 a.C., o Egito urbano se tornou uma parte integral do mundo helenístico. Em 30 a.C., o que agora é o Egito foi conquistado pelos romanos e permaneceu parte do sucessor dos romanos, o Império Bizantino, até a conquista dos exércitos árabes muçulmanos entre 639 e 642. 

O Egito se tornou um dos centros culturais e intelectuais do mundo islâmico e árabe, um status que foi fortalecido em meados do século 13, quando exércitos mongóis saquearam Bagdá e acabaram com o Califado Abássida. Em 1517, o Império Otomano derrotou os sultões Mamluks que estavam no poder e estabeleceu controle sobre o Egito, que durou até 1798, quando Napoleão I liderou o exército francês em uma breve ocupação no país. 

A ocupação francesa, que acabou em 1801, marcou a primeira vez que um poder europeu conquistou ou ocupou o Egito, e definiu o cenário para um futuro envolvimento europeu. A localização estratégica do Egito sempre fez dele um centro para rotas de comércio entre África, Europa e Ásia, mas essa vantagem natural foi melhorada em 1869 com a abertura do Canal de Suez, conectando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. O Reino Unido ocupou o Egito em 1882 e continuou exercendo forte influência no país até após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 

Século 20 em diante 

Em 1952, um golpe militar instalou um regime revolucionário que promoveu uma combinação de socialismo e nacionalismo pan-árabe. Durante a Guerra Fria, o papel central do Egito no mundo de fala árabe aumentou sua importância geopolítica já que o nacionalismo árabe e as relações interárabes se tornaram forças políticas poderosas e emocionais no Oriente Médio e Norte da África. 

Depois de servir como presidente por três décadas (de 1981 a 2011), Hosni Mubarak foi forçado a renunciar durante a Primavera Árabe. Os manifestantes apresentaram demandas por mais liberdade política e expressaram o descontentamento da população com a situação social e econômica do país. Em junho de 2012, após uma breve transição, Mohamed Morsi, um político que era membro sênior da Irmandade Muçulmana, ganhou as eleições presidenciais com 52% dos votos. “Vitória para o islamismo” foi um slogan amplamente usado em sua campanha eleitoral, o que elevou os níveis de medo entre a minoria copta. Uma vez no poder, Morsi assumiu poderes executivos ditatoriais que alienaram muitos egípcios. 

Manifestações populares foram organizadas por um grupo chamado Tamarrod que gozava do apoio da polícia, do exército, dos empresários e das figuras religiosas e cristãs proeminentes. Em última análise, o exército interveio e expulsou o presidente Morsi, alegando que não havia respondido satisfatoriamente às demandas do povo egípcio. O exército adotou seu próprio roteiro de transição que culminou com a adoção de uma nova Constituição e a realização de novas eleições parlamentares e presidenciais. 

No final do processo, o marechal de campo Abdul Fattah al-Sisi emergiu como o novo homem forte egípcio. Al-Sisi foi ministro da Defesa durante o governo de Morsi e era a principal figura por trás da expulsão de Morsi. Ele foi saudado por alguns como um herói que salvou o Egito das garras da Irmandade Muçulmana, enquanto outros afirmam que seu governo é um sinal claro do retorno do Egito aos velhos tempos de autocracia apoiada pelo exército.  

Uma vez que a nova Constituição foi adotada, al-Sisi se candidatou para presidente como civil e — dado o culto à personalidade que foi construído em torno dele antes das eleições — não era surpreendente que ele ganhasse as eleições com esmagadora maioria. Após a ascensão de al-Sisi ao poder, houve uma repressão em larga escala contra a Irmandade Muçulmana. Em março de 2018, al-Sisi foi reeleito com 97% dos votos. Essa vitória massiva é uma clara indicação de quão efetivamente toda oposição foi destituída durante seu primeiro mandato. 

Em fevereiro de 2019, os membros do parlamento votaram (e depois foi aprovado em um referendo) uma extensão do mandato presidencial para permitir que o presidente al-Sisi permaneça no gabinete por outros 12 anos depois de terminar seu atual mandato. Novas emendas também aumentaram o poder do exército, que já é a força dominante na política egípcia. A situação política está gerando alguma tensão no país, pois até mesmo alguns dos apoiadores de al-Sisi estão bem frustrados pela forte influência do exército no que diz respeito às decisões políticas e econômicas do país. A popularidade do presidente al-Sisi está diminuindo e a esperança de que ele seja capaz de assegurar as necessidades básicas dos egípcios de baixa renda é pouca. 

A pandemia da COVID-19 atingiu fortemente o país em 2020. Toda a crise da COVID-19 no Egito foi acompanhada de muitas fake news e teorias da conspiração, com alguns líderes muçulmanos e cristãos alegando que muçulmanos ou cristãos não pegariam o vírus. Entretanto, não ajudou que o governo egípcio prendeu trabalhadores da saúde que ousaram criticar a abordagem do governo sob leis de antiterrorismo. Apesar da soltura de alguns prisioneiros políticos por causa do vírus da COVID-19, o governo egípcio não libertou os ativistas coptas Ramy Kamel e Patrick George Zaki — a única “coisa errada” que fizeram foi destacar a situação dos coptas egípcios. Zaki foi liberado em dezembro de 2021. Esse é um indicativo de que o presidente al-Sisi não tenha sido completamente sincero em sua declaração pública em 2014 de ser um “protetor” da comunidade cristã; ou apenas enquanto ela o apoiar. 

A Igreja Ortodoxa Copta se orgulha da tradição que nomeia o apóstolo Marcos como o fundador do cristianismo no Egito. Em Alexandria, uma igreja vibrante desenvolveu sua própria escola teológica no segundo século. Esse foi o lar do pai da igreja, Atanásio de Alexandria (373 d.C.), que foi um dos primeiros teólogos da igreja, conhecido principalmente por sua defesa de Deus como uma trindade. Inicialmente, a igreja era sobretudo um fenômeno grego nas cidades, mas a população egípcia original se voltou rapidamente para a nova fé também. O Egito se tornou o berço do monasticismo; o monastério de Santo Antônio se tornou um importante modelo para o monasticismo em toda a Europa. 

A perseguição sob a ocupação romana sempre foi severa no Egito. É por isso que o calendário copta começa no ano 284 d.C. — nesse ano, Diocleciano se tornou imperador de Roma e seu reinado foi marcado pela tortura e execução em massa de cristãos, principalmente no Egito. Depois que o cristianismo se tornou a religião do Império Romano, os cristãos coptas ficaram em maus lençóis com o Império, visto que sua teologia foi rotulada como herege no Conselho de Calcedônia (451 d.C.). Os exércitos árabes conquistaram o Egito em 639-646 d.C. e isso levou a mais períodos de severa perseguição sob o islã. A igreja focou em sobreviver ao invés de ter um papel público na sociedade. No século 10, os cristãos coptas reduziram em número, perfazendo cerca de metade da população. 

O papel colonial britânico no Egito (1882-1952) deu muita liberdade aos cristãos. Após a revolução de 1952, essa liberdade foi constantemente corroída e houve breves períodos em que os cristãos foram perseguidos, mas isso sempre foi um fenômeno local e não realizado pelo Estado. 

Atualmente, a vasta maioria de cristãos do Egito (mais de 90%) pertence à Igreja Ortodoxa Copta. A Igreja Católica Romana entrou no Egito no século 17 através da atividade missionária dos Capuchinhos e dos Jesuítas. Em 1847, os anglicanos começaram a trabalhar no país, seguidos pela Igreja Presbiteriana Reformada Associada, com sede nos Estados Unidos, em 1854. Muitos outros grupos de igrejas independentes e missionários seguiram, somando à rica variedade da vida da igreja egípcia. 

O islamismo é a religião dominante no Egito. A Portas Abertas estima que o número de cristãos seja de 9,7 milhões. Entretanto, o número total e percentual de cristãos permanece um tópico de debate, com cristãos egípcios alegando que mais de 15% da população é cristã.  

Embora o cristianismo tenha raízes profundas no Egito, voltando séculos antes do advento do islamismo no Norte da África, os cristãos são geralmente marginalizados e tratados como cidadãos de segunda classe no Egito moderno. Os cristãos podem ser encontrados em todo o país, mas “eles estão principalmente concentrados no Alto Egito (a parte Sul do país) e em cidades maiores como Cairo e Alexandria”. Subúrbios no Cairo, outras cidades e algumas vilas algumas vezes são denominadas ou descritas como “áreas cristãs”, mas poucas são exclusivamente cristãs (ou muçulmanas). 

Essa visão causa discriminação de cristãos no âmbito político e na relação com o Estado. Também cria um ambiente em que o Estado é relutante para respeitar e reforçar os direitos fundamentais dos cristãos. 

Na esfera da família, os cristãos de origem muçulmana enfrentam a maior pressão para negar a fé. Os cristãos também enfrentam opressão islâmica na vida diária na vizinhança ou no trabalho. Também houve ataques violentos realizados por grupos islâmicos contra cristãos. A atividade desses grupos militantes está amplamente concentrada no Nordeste do Sinai.  

Como a Humanists International (organização guarda-chuva que abraça organizações humanistas no mundo todo) escreve em seu relatório Freedom of Thought: “Um dos sinais mais visíveis de discriminação contra ateístas, apóstatas do islamismo e membros de minorias religiosas é a política que diz respeito aos documentos de identidade do Egito, que incluem uma seção sobre religião em que só uma das três ‘religiões divinas’ são reconhecidas. [...] Indivíduos que nasceram muçulmanos e deixam o islã não têm permissão para mudar o campo ‘religião’ no documento de identidade. Apenas poucos casos em que cristãos se converteram ao islamismo e depois voltaram ao cristianismo tiveram permissão da justiça egípcia, embora de maneira inconsistente, para a mudança no documento”. 

Com esse contexto religioso, homens e mulheres enfrentam pressão significativa, principalmente cristãos de origem muçulmana. A lei egípcia permite que cristãos se convertam ao islamismo, mas apesar de diversas campanhas contra disparidades, o contrário não é permitido. Como tal, uma mulher cristã pode ser casada com um homem muçulmano, mas um homem cristão não pode se casar com uma mulher muçulmana. 

Cristãos no Egito explicam que a violação da liberdade de religião acontece principalmente no nível comunitário. Os incidentes variam de mulheres cristãs sendo assediadas enquanto caminham na rua a uma multidão de muçulmanos irados que forçam toda uma comunidade de cristãos a se mudar, deixando suas casas e confiscando seus pertences. Esse tipo de incidente acontece mais no Alto Egito, onde movimentos salafistas (movimentos ortodoxos, internacionalistas e ultraconservadores dentro do islamismo sunita) são ativos nas comunidades rurais.  

Em claro contraste em como as mesquitas são tratadas, os prédios de novas igrejas são restringidos. Cristãos de todos os contextos têm dificuldades para encontrar novos lugares para o culto congregacional. As dificuldades vêm tanto das restrições do Estado como da hostilidade da comunidade e violência das multidões. 

Cristãos de origem muçulmana têm grande dificuldade em viver a fé, pois enfrentam enorme pressão da família para retornar ao islamismo. O Estado também torna impossível para eles receberem qualquer reconhecimento oficial da conversão.  

Analfabetismo 

O Egito é um dos nove países com as maiores taxas de analfabetismo do mundo, 26% dos adultos são analfabetos, de acordo com o Bertelsmann Transformation Index (BTI). Além disso, pobreza, baixo nível de conscientização e educação em saúde, altos índices de analfabetismo e violência doméstica generalizada são comuns para muitos egípcios, inclusive cristãos.  

É comum para crianças em vilarejos saírem da escola ainda pequenas para ajudar na renda da família. Declaradamente, muitas crianças cristãs enfrentam discriminação de professores e colegas no sistema educacional. Embora haja escolas particulares cristãs, a maioria dos cristãos não pode pagá-las. Jogos de poder ocorrem em todos os níveis da sociedade: muçulmanos oprimem cristãos, homens oprimem mulheres, e alguns líderes da igreja podem usar a autoridade para oprimir cristãos mais vulneráveis de outras denominações. 

Culturalmente, o Egito é conservador e, apesar dos grandes centros urbanos (como Cairo e Alexandria), é dominado por atitudes tribais. A população não é tão etnicamente diversa como em outros países do Norte da África e do Oriente Médio e tem uma forte identidade nacional. 

Proeminência da Universidade Al-Azhar e discriminação aos cristãos 

Especialmente com o surgimento de interpretações mais radicais do islamismo, a pressão sobre os cristãos tem aumentado nas últimas décadas. O Egito busca ser um centro cultural do islamismo e continua a ser influente através da Universidade Al-Azhar e suas casas de produção de mídia. O presidente al-Sisi convocou estudiosos da Universidade Al-Azhar para combater o radicalismo e introduzir reformas no ensino islâmico. Entretanto, em áreas rurais e empobrecidas, em particular, os imãs radicais e os gêneros de islamismo menos tolerantes estão crescendo em proeminência. O governo está fazendo esforços para reverter essa tendência, mas não tem sido muito bem-sucedido até agora.  

Cristãos no Egito relatam que, embora muçulmanos e cristãos tenham bastante contato no dia a dia, não pode ser chamada de uma coexistência pacífica. Embora todos falem a mesma língua, há uma considerável divisão causada pelos sistemas de crenças contrastantes. Muçulmanos radicais em zonas rurais, onde muitos cristãos vivem, promovem atitudes de rejeição em relação aos cristãos, o que é um terreno fértil para agressões, principalmente contra mulheres e crianças. Mulheres cristãs, sobretudo em zonas rurais, são alvo de grupos radicais islâmicos e, como resultado, sequestro para conversão, resgate e casamento forçado não é incomum. Além disso, quando a violência sectária emerge, conflitos são resolvidos com frequência usando os chamados “comitês de reconciliação habitual”. Entretanto, por causa de sua posição como minoria, “as sessões de reconciliação sempre parecem punir os cristãos, deixando os responsáveis muçulmanos com poucas consequências”. 

A Universidade Al-Azhar, umas das mais influentes universidades islâmicas do mundo, tem um lugar proeminente dentro da sociedade egípcia e até mesmo da Constituição. O Grã Imã Ahmed el-Tayyeb, da Al-Azhar, afirmou claramente que não há lugar no islã para muçulmanos se converterem ao cristianismo.  

Embora apenas poucos comentaristas vejam uma distinção étnica entre cristãos coptas e árabes islâmicos, cristãos e muçulmanos agem como dois grupos distintos na sociedade egípcia. Como em muitos outros países árabes, o pensamento tribal influencia fortemente a ideologia do grupo e isso pode facilmente levar à violência verbal e física contra aqueles de fora do grupo. No Alto Egito, por exemplo, muitos casos de violência de multidões acontecem quando cristãos tentam implementar o reconhecimento oficial de uma igreja. Nesses casos, há uma mistura de opressão islâmica e antagonismo étnico, que exigem que a minoria cristã opere cuidadosamente.  

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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