Portas Abertas • 25 jan 2024
As Forças Democráticas Aliadas, associadas ao Estado Islâmico, avançam com violência em Uganda
*conteúdo sensível: violência extrema
Na noite de 25 de dezembro, membros do grupo extremista islâmico Forças Democráticas Aliadas (ADF, da sigla em inglês) atacou um vilarejo no Oeste de Uganda. A mãe do cristão Audita e as dois sobrinhos foram assassinados no atentado.
Os extremistas amarraram as mãos delas nas costas e incendiaram a casa onde estavam até a morte. Audita encontrou os corpos carbonizados na manhã seguinte. “Tudo na casa se tornou cinzas. Não sobrou nada. Minha mãe foi completamente carbonizada. Fiquei sem palavras”, ele contou aos parceiros locais da Portas Abertas.
As Forças Democráticas Aliadas são ativas nas fronteiras da República Democrática Congo, mas começaram a avançar para países vizinhos, como Uganda, nos últimos anos. O grupo é associado ao Estado Islâmico e ameaça a liberdade religiosa em Uganda.
Três sepulturas foram abertas no quintal do cristão para o enterro da mãe e dos sobrinhos – Arinda Amon, de 5 anos, e Byamukama Mathias, um menino de 13 anos. No vilarejo de Kyabandara, não muito longe de onde a mãe e sobrinhos de Audita foram assassinados, algumas pessoas também foram forçadas a fugir, pois não se sentiam seguras.
Jenesta Ayebate perdeu uma vizinha quando o mesmo grupo extremista atacou no dia 18 de dezembro de 2023. “Por volta das 10 horas da noite, os rebeldes nos atacaram e mataram algumas pessoas. Minha vizinha era líder da organização de mulheres. Eles a encontraram no local de trabalho e a mutilaram, junto com outras quatro mulheres, até a morte”, conta Jenesta.
Cenas como essas não são incomuns em Uganda. A brutalidade dos assassinatos preocupa a população local. Ao todo, dez pessoas foram mortas no assassinato no vilarejo de Kyabandara. Uma semana depois, na noite de Natal, aconteceu o ataque à família de Audita.
Nos dois ataques, as vítimas não tinham feito qualquer tipo de provocação. Além disso, em ambos o grupo de radicais era composto de aproximadamente dez homens, que agiam como uma célula terrorista independente nas florestas de Uganda.
“Estamos todos traumatizados. Não conseguimos mais trabalhar em nossas lavouras porque temos muito medo de novos ataques. Agora, os animais selvagens podem destruir livremente nossas plantações. As pessoas estão com fome”, conclui Jenesta.
“As pessoas estão com medo de dormir em suas casas. Eles vão para o centro da cidade, onde são protegidas pelos soldados do exército”, disse Jackson, um líder cristão. O avanço do grupo extremista também preocupa o pastor Phillip Twebaze, cuja igreja foi ameaçada pelas ADF.
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