Jovem atacado quer ser pastor em Burkina Faso

Traore quer seguir o exemplo do pai que era missionário

Portas Abertas • 27 mar 2024


O pai do jovem Traore foi assassinado por extremistas em Burkina Faso

O pai do jovem Traore foi assassinado por extremistas em Burkina Faso

Traore* é uma das vítimas da violência contra os seguidores de Jesus em Burkina Faso. O pai dele foi morto em um dos ataques de extremistas. No entanto, o que os radicais não esperavam era que o resultado do ataque não seria rancor ou ódio, mas sim o nascimento de um futuro pastor.  


O jovem sonha em se tornar um missionário para continuar o exemplo que o pai deixou. “Não quero me tornar um médico ou entrar para o exército. É verdade que estudar é bom, pode prover um trabalho e dinheiro, mas a minha visão não vai nessa direção. Não, o que eu estou interessado é em me tornar um missionário. Quero fazer isso por causa da nossa situação atual [
crise de insegurança em Burkina Faso]”, diz Traore.  


Tempos de paz
 


Antes de 2016, grande parte de Burkina Faso não era um local violento. Traore descreve como era aquele período: “Quando acordávamos pela manhã, tínhamos nosso tempo de devocional e orações. Eu ia para a escola e voltava ao meio-dia. Lembro que quando estava a caminho da escola, todo mundo estava a caminho do trabalho”. Era um lugar seguro para viver e trabalhar. 
 

 

Jovem descascando vegetais em Burkina Faso 


Nessa época, em dias em que não tinha aula, o jovem passava tempo com o pai e criou memórias repletas de afeto. “Às vezes, quando não tinha aula, eu ia pescar com meu pai. Quando voltávamos com o que pescamos, minhas irmãs iam vender os peixes. Nas noites de sábado, jogávamos futebol, saíamos para andar pela mata ou ver as pessoas jogando futebol”, lembra o jovem cristão. 
 


Mas, em 2019,
a insegurança cresceu a ponto de Traore e a família precisarem sair de seu vilarejo natal, mas eles não conseguiram se sustentar na cidade, por isso, voltaram para casa. Lá, Traore e o pai saíram juntos para colher plantas e ervas em um dia comum e sequer imaginavam o que aconteceria.  


O dia do ataque
 


Antes de saírem, pai e filho se despediram da família, oraram e então caminharam quase 15 km recolhendo a grama quando ouviram
os radicais chegarem em motocicletas. O jovem cristão conta que “os homens estavam vestidos de uniforme do exército. Então, em um primeiro momento, pensamos que eram militares. Então vimos que eles seguravam bandeiras do Estado Islâmico”.  


O jovem e o pai continuaram orando enquanto os radicais desciam das motocicletas e os cumprimentavam. “Meu pai respondeu ao cumprimento, e então eles perguntaram onde estava o resto das pessoas. Meu pai não respondeu”, disse Traore. Enquanto eles conversavam, o jovem entrou em pânico e fugiu sem ser notado.
 


“De repente, ouvi um tiro, e comecei a correr”, recorda Traore. O rapaz sabia instintivamente que seu pai tinha sido morto. Ele se escondeu atrás de algumas casas e quando ouviu o barulho das motocicletas diminuir, começou a correr para casa. “Quando estava correndo, perdi meus sapatos e fui para casa descalço. Eu não estava com medo ao correr para casa, mas a ideia de ter me tornado órfão continua se repetindo na minha cabeça”, acrescenta Traore. 
 


Nasce um pastor
 


A morte do pai de Traore foi tão repentina que todos ficaram em choque. A família ficou devastada. Nos dias e anos após o assassinato, Traore teve que crescer rapidamente. Em tudo isso, Deus amadureceu sua fé e o exemplo que o pai estabeleceu permanece como um raio de luz nesse tempo incerto.
 

 

Traore ainda sente a dor da morte do pai 


Ainda há momentos dolorosos, em que o adolescente está muito consciente de que o pai se foi. “Às vezes, quando estou com meus amigos e estamos conversando, eles começam a falar sobre o pai deles e eu não posso dizer nada porque eu não tenho mais um pai”, diz o jovem.
 


É precisamente
por isso que esses grupos visam homens, cristãos ou não. Ao eliminar maridos e pais, a família inteira fica vulnerável. E de fato, Falmata*, mãe de Traore, contou a parceiros locais que não consegue alimentar e sustentar os filhos sozinha. Durante a visita, a Portas Abertas proveu a Traore e sua família alimentos básicos e  outras necessidades para durarem alguns meses.  


Traore já é um pastor no coração. No fim da última visita dos parceiros das Portas Abertas, ele disse: “Nós confiamos em Deus. Ele disse que não deveríamos nos preocupar com a nossa vida. Com o que comer, beber ou vestir, ele disse que não deveríamos nos preocupar. Isso fortalece minha fé e me mantém prosseguindo. Quando enfrentamos dificuldades, devemos olhar apenas para Jesus”. 
 

*Nomes alterados por segurança.


Desperta África  

Em 26 de maio de 2024, levantaremos um clamor em prol da África Subsaarina, a região mais letal para os cristãos, no Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2024. Ajude cristãos, como Traore, que precisam urgentemente de nosso apoio em oração. Inscreva agora sua igreja.     

 

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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