Portas Abertas • 19 fev 2024
Leah Sharibu representa milhares de outras jovens cristãs sequestradas por extremistas islâmicos na Nigéria
Leah Sharibu é uma cristã que foi sequestrada juntamente com outras 109 estudantes em Dapchi, Norte da Nigéria. Ela tinha apenas 14 anos quando foi levada pelo grupo extremista Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP), um braço do Boko Haram, em 19 de fevereiro de 2018.
Um mês após o sequestro, quase todas as garotas capturadas foram libertadas, seis morreram a caminho do cativeiro e a seguidora de Jesus continua em poder do grupo jihadista. A jovem cristã permaneceu presa porque se recusou a usar o hijab (véu muçulmano) e se converter ao islã. Já se passaram mais de cinco anos desde que Leah foi levada cativa.
Em abril de 2018, os líderes cristãos Justin Welby e Josiah Idowu-Fearon pediram ao presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, que fizesse o possível para garantir a libertação da cristã. Na ocasião, o chefe do Poder Executivo informou que estava cuidando do caso “silenciosamente” e que contava com o apoio de organizações como a Cruz Vermelha.
Dias depois, em visita aos Estados Unidos, Buhari prometeu resgatar Leah e outras meninas sequestradas de Chibok. Porém, Nathan Sharibu, pai da cristã, acusou o governo de abandonar a família.
Leah estava na escola quando foi sequestrada com outras estudantes e continua em cativeiro
Em agosto, o presidente nigeriano recebeu um áudio de Leah que dizia: “Rogo também aos membros do poder público que ajudem minha mãe, meu pai, meu irmão mais novo e familiares. Por favor, me ajudem a sair do meu dilema. Estou implorando para que vocês me tratem com compaixão. Apelo ao governo, particularmente o presidente, para ter pena de mim e me tirar desta grave situação. Obrigada”.
Ainda em 2018, o presidente Buhari falou com Rebecca Sharibu, mãe de Leah, pela primeira vez. E dias depois, os jihadistas mataram Hauwa Leman, uma funcionária da Cruz Vermelha e ameaçaram nunca libertar a jovem cristã.
O ministro da Informação, Alhaji Lai Mohammed, fez um discurso público sobre o caso: “Os nigerianos devem reconhecer que qualquer um de nossos cidadãos, seja rapaz ou moça, muçulmano ou cristão, é querido para nós. Não devemos olhar para Leah Sharibu como cristã ou muçulmana, mas como uma filha preciosa do país”.
Em abril de 2019, um porta-voz de Buhari garantiu progresso nas investigações, mas até hoje nada concreto aconteceu. Sem informações oficiais, alguns boatos sobre Leah ganharam as manchetes dos jornais nigerianos.
Em um vídeo, a trabalhadora humanitária, Grace Taku, pediu socorro para ser liberta dos extremistas e garantiu que Leah estava morta. Mas a presidência da Nigéria negou o fato: “As linhas de comunicação permanecem abertas com os sequestradores para garantir a libertação de Leah Sharibu. Ao contrário dos relatos falsos, ela está viva — com garantias de nossas agências de segurança — e o governo está comprometido com seu retorno seguro, assim como o de todos os outros reféns”.
Outro rumor garantia que Leah tinha sido forçada a se tornar muçulmana e a se casar com um alto comandante do grupo extremista. Outro boato dizia que a cristã era mãe de um menino. Mas a família Sharibu não acreditou e pediu apenas provas de que a jovem estivesse viva.
Os pais e a avó de Leah Sharibu vivem sem informações concretas da jovem cristã, mas têm fé de reencontrá-la
Os pais de Leah decidiram não dar mais entrevistas e nomearam o reverendo Gideon Para-Mallam como porta-voz deles. Em uma das ocasiões em que o líder cristão falou com jornalistas, ele garantiu que a jovem sequestrada estava viva, pois foi vista por um dos prisioneiros libertados, e a informação foi confirmada por autoridades diplomáticas.
Em janeiro de 2022, as autoridades nigerianas disseram que não desistiram de libertar a cristã. O chefe-maior do Estado de Defesa da Nigéria disse: “Com a posição privilegiada que ocupo, estou ciente dos planos e, é claro, dos processos que estão em vigor para garantir que não apenas Leah Sharibu, mas todas as outras pessoas mantidas em cativeiro sejam libertas”.
Em setembro de 2023, agências de notícias nigerianas afirmaram que ela continua em cativeiro, além de estar casada com um extremista islâmico. Também foi noticiado que forças locais de segurança disseram que Leah lidera uma equipe médica na região do Lago Chade. Apesar de divulgado em diversos veículos de imprensa, os pais de Leah afirmaram não acreditar na notícia do casamento.
Leah Sharibu não foi a única capturada pelo Boko Haram. Há sequestros de jovens e crianças cristãs frequentemente no país. De acordo com os dados da Lista Mundial da Perseguição (LMP), a Nigéria é o país número um em sequestro de seguidores de Jesus nos últimos anos. Ao menos 3.300 cristãos foram raptados na Nigéria no período entre 1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023.
A maioria dos casos de captura de cristãos aconteceu nos estados do Norte da Nigéria, como Borno, Adamawa, Kaduna, Katsina e Níger. Mas não é só o Boko Haram que usa esse tipo de arma para perseguir os seguidores de Jesus. Os extremistas fulani também agem dessa forma. Nesses locais, grande parte dos sequestros resultam em morte das vítimas.
A história de Leah não é única. Outras jovens, como Agnes John, tiveram as vidas destruídas pelos jihadistas. Agnes foi capturada e ficou presa por dois anos, mas conseguiu voltar para a comunidade onde morava. Porém, foi rejeitada pela família e hoje luta para reconstruir o relacionamento com os familiares. Assista ao vídeo abaixo e conheça a história de Agnes.
Quando jovens e mulheres cristãs sequestradas voltam para as comunidades de origem, elas enfrentam o preconceito dos familiares. Pois eles acreditam que elas perderam o valor social, já que muitas delas foram agredidas sexualmente pelos radicais islâmicos. Quando elas retornam com filhos, as crianças são taxadas como filhas de extremistas. Por isso, a igreja local é fundamental para que o verdadeiro valor dessas mulheres seja reconhecido tanto dentro de casa como fora dela.
A história de Leah é uma dentre muitas que contêm violência, incertezas e medo. Nossos irmãos e irmãs são perseguidos apenas porque amam a Jesus e precisam de apoio imediato para permanecerem firmes na fé. Com uma doação você permite que cristãos perseguidos recebam o amparo de que precisam e saibam que não estão sozinhos.
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