Portas Abertas • 15 jun 2022
Cristãos se reúnem em igreja na caverna no Egito
Podemos chamar de igrejas históricas as comunidades cristãs criadas pelos seguidores de Jesus que viveram nos primeiros séculos, após a descida do Espírito Santo. Na história do cristianismo é chamada de Era Apostólica ou Igreja Primitiva a fase de 30 d.C. até 300 d.C. Nesse período, não havia a divisão da igreja entre Católica Romana, Ortodoxa e Protestante.
Após o Pentecostes, os cristãos levaram o evangelho além da Palestina, chegaram em Roma e estavam presentes nos principais centros do Império Romano Oriental. As perseguições enfrentadas pelos seguidores de Jesus impulsionaram o deslocamento de evangelistas treinados e leigos para outros países. Algumas características do Império Romano, como as estradas bem estruturadas e o idioma grego como universal, facilitaram a locomoção e a comunicação das pessoas que desejavam levar o amor de Deus por onde fossem.
Em Jerusalém surgiu a primeira igreja cristã. A partir dela, novas comunidades foram criadas pelos apóstolos em viagens descritas no livro de Atos dos Apóstolos, como as viagens de Pedro, Paulo, Barnabé, Silas, João Marcos e Filipe.
Mesmo com a comunidade cristã mais antiga do mundo, Jerusalém é um local onde igrejas são atacadas
Em menos de uma década, somente Paulo plantou igrejas em regiões da Galácia (Turquia) Macedônia e Acaia (Grécia) e Ásia (Turquia Oriental, Armênia e Curdistão). Já a tradição cristã conta que outros apóstolos chegaram a outras regiões. Segundo a tradição, Mateus chegou à Etiópia, André foi evangelizar os citas, um antigo povo do Irã, e Bartolomeu foi para a Arábia Saudita e Índia, assim como Tomé.
Hoje, as comunidades cristãs em Jerusalém são: Ortodoxa, Católica Romana e Protestante. Há 20 igrejas antigas e nativas e outros 30 grupos diferentes de cristãos protestantes.
Como o significado da palavra igreja é assembleia de pessoas, existem comunidades cristãs descendentes dos primeiros seguidores de Jesus. Um exemplo disso acontece no Egito e na Etiópia. Apesar de terem atualmente uma população de maioria islâmica, a presença cristã nesses países é mais antiga do que a chegada do islamismo no território.
Veja quais são as cinco comunidades cristãs mais antigas do mundo.
Ela se reúne na Igreja do Santo Sepulcro e é considerada a primeira comunidade cristã plantada no período do Pentecostes. Os membros dessa igreja são de maioria palestina e jordaniana, mas há imigrantes russos, georgianos, romenos e israelenses convertidos.
Acredita-se que o primeiro bispo dessa igreja tenha sido o discípulo Tiago, irmão de Jesus, martirizado em 62 d.C. Mesmo com a invasão islâmica de Jerusalém no século VII, a cidade foi reconhecida como sede do cristianismo.
Mas em 1054, com a divisão entre a Igreja Católica Romana e Ortodoxa, a igreja de Jerusalém continuou pertencente à parte oriental sob a liderança ortodoxa. Mas durante a primeira Cruzada, os católicos romanos voltaram a ocupar Jerusalém.
A Igreja na cidade de Antioquia, hoje Antákia, foi plantada em uma das viagens de Pedro e Paulo. De acordo com o relato em Atos 11.19-26, os cristãos fugiram da perseguição de Jerusalém para esse território turco. Nessa época, alguns homens de Chipre e Cirene (Líbia) começaram a pregar para os não judeus e logo havia muitos convertidos.
Assim como a comunidade cristã de Antioquia, a igreja de Laodicéia foi citada na Bíblia
Quando a igreja de Jerusalém soube do nascimento da igreja em Antioquia, enviou Barnabé até lá. Ele buscou Paulo em Tarso e durante um ano se reuniram nessa igreja. Em Antioquia, os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos.
Durante o regime de Bashar al Assad na Síria, muitas pessoas fugiram e encontraram abrigo em Antákia, chamada por muitos de a cidade da paz. O motivo desse nome é porque há a coexistência de mesquitas, uma igreja católica e uma sinagoga.
De acordo com a tradição cristã, a primeira comunidade cristã no Egito era composta por judeus de Alexandria, entre os quais estava Teófilo, a quem Lucas se dirigiu no seu evangelho. Muitos dos membros dessa igreja são descendentes dos primeiros seguidores de Jesus no século I.
Fachada de uma igreja copta em Alexandria, no Egito
Mas a fundação oficial da igreja aconteceu quando Cláudio governava o Império Romano. Em poucas décadas, o evangelho foi espalhado pelo país e ganhou o coração de egípcios, gregos e judeus. Da Igreja Copta do Egito surgiram a Igreja Ortodoxa Etíope e da Eritreia. Elas são independentes, mas têm plena comunhão.
Hoje, os cristãos coptas são tratados como cidadãos de segunda classe no Egito, apesar de o governo aceitar a existência dessa comunidade. Quando um ato de violência é cometido contra coptas, é comum que as autoridades se esquivem de proteger e fazer justiça para os seguidores de Jesus.
De acordo com Atos 11.19, os cristãos judeus que fugiram da perseguição em Jerusalém chegaram até a ilha de Chipre; eles costumavam compartilhar sobre Jesus apenas com judeus. Mais tarde, Paulo e Barnabé chegaram na ilha de Chipre e, na cidade de Pafos, aconteceu a conversão do procônsul Sérgio Paulo. No final do século IV, acredita-se que toda a ilha era composta de cristãos.
Durante a terceira Cruzada, em 1119, os ortodoxos perderam o poder para os católicos. Mas durante o Império Otomano, em 1571, o bispado ortodoxo foi restabelecido.
O território da Igreja Ortodoxa do Chipre é reduzido desde que ocorreu a invasão turca em 1974. Porém, 78% da população da ilha se considera membro dessa comunidade cristã, mas apenas um terço desses cristãos costumam frequentar a igreja semanalmente.
Acredita-se que essa igreja foi plantada a partir do eunuco etíope que ouviu sobre Jesus, como está escrito em Atos 8. Ele era servo da rainha Gersamot Hendeke VII, que governou o país entre o ano 42 e 45 d.C.
Cristãos se reúnem na parte externa de uma Igreja Ortodoxa na Etiópia
O cristianismo tornou-se religião oficial da Etiópia no século IV, com a conversão do imperador Ezana. Nessa época, líderes da Igreja Ortodoxa Copta no Egito foram convidados a liderar a comunidade local.
Hoje, alguns membros da Igreja Ortodoxa Etíope hostilizam outros cristãos de origem muçulmana e protestantes. Por outro lado, grupos extremistas islâmicos não fazem essa diferença, atacando e destruindo também a igreja histórica.
A Portas Abertas apoia diversas igrejas históricas localizadas em países de maioria muçulmana no Oriente Médio. Elas representam o Reino de Deus onde estão e precisam de vigor e restauração, que acontece por meio de treinamento como estudo bíblico e discipulado. Assim, os seguidores de Jesus se tornam ativos e contribuem para que mais pessoas sejam alcançadas pelo amor de Deus.
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