O regime comunista de Cuba não tolera vozes dissidentes ou quaisquer outras instituições que ganhem influência ou poder. A igreja é vista como ambos, e os cristãos são perseguidos pelas autoridades.
Ativistas cristãos ou líderes religiosos que falam contra a corrupção ou questões políticas podem ser detidos e presos. Outros são difamados ou agredidos pelas autoridades e seus simpatizantes. O governo tem um banco de dados de igrejas e pastores considerados “contrarrevolucionários”, mas os cristãos temem que seja outra forma de monitorá-los e controlá-los.
A Cuba comunista tem o objetivo de reprimir a religião e reduzir a influência da igreja. Hoje, isso é feito recusando-se a registrar novas igrejas ou permitir que comprem ou usem instalações para se reunir legalmente.
Isso força muitos cristãos a se reunirem ilegalmente em igrejas domésticas não registradas. Se eles forem pegos, podem ser multados, ter as propriedades confiscadas ou a igreja fechada. É difícil para os cristãos obterem visto para visitar as igrejas cubanas, e é considerada uma “atividade suspeita” se um cristão cubano tentar visitar irmãos em outros países. Isso torna muito difícil a comunhão internacional e a obtenção de literatura cristã.
O Estado não permite que os cristãos tenham liberdade de consciência em questões sociais. Por exemplo, se o Estado aprovar uma nova legislação sobre o casamento, as igrejas serão forçadas a cumprir. Se não o fizerem, os líderes da igreja serão monitorados e ameaçados pela agência de segurança do Estado.
Pastor Luiz (pseudônimo), cristão perseguido em Cuba
Cuba subiu dez posições na Lista Mundial da Perseguição 2023, devido ao aumento da violência e da pressão em todas as esferas da vida. O regime ditatorial intensificou suas táticas repressivas contra todos os líderes, e ativistas cristãos são considerados opositores ao comunismo. As medidas do governo incluíram prisões, sequestros, multas arbitrárias, vigilância rigorosa, licenças e vistos religiosos negados e abuso físico e mental.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra os cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos em Cuba são: paranoia ditatorial, opressão comunista e pós-comunista, intolerância secular.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores de hostilidades, violentos ou não violentos, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos em Cuba são: partidos políticos, oficiais do governo, grupos de pressão ideológica, cidadãos e quadrilhas.
Cristãos que lideram igrejas domésticas e jovens que participam de protestos correm maior risco, principalmente na capital, Havana.
Mulheres envolvidas em ativismo — incluindo cristãs que se manifestam — geralmente são demitidas de seus empregos, ameaçadas e monitoradas. Por exemplo, as Ladies in White, um grupo de protesto de familiares de presos políticos, foram agredidas e detidas pela polícia em várias ocasiões a caminho de cultos no domingo.
Mulheres e meninas cristãs também são insultadas por causa de seus valores sexuais mais conservadores, que não são valorizados pelo regime.
O governo cubano tem o objetivo declarado de não permitir que os cidadãos tenham filhos nascidos com deformidades e condições genéticas. Isso significa que há uma pressão muito forte para que as mulheres grávidas abortem esses bebês. Sua recusa pode ser considerada um ato de oposição ao governo.
Os homens cristãos geralmente são mais propensos a serem presos, multados ou assediados porque tendem a ocupar cargos de liderança em que emitem suas opiniões. Ao prendê-los, o governo envia uma mensagem intimidadora para suas famílias e comunidades religiosas.
Manifestantes, principalmente homens jovens, foram detidos e ficaram desaparecidos por meses. Há relatos de abuso físico e mental de cristãos presos.
O serviço militar é obrigatório para os homens. Se for descoberto que são cristãos ativos ou têm pais cristãos, podem enfrentar discriminação e perseguição de seus superiores.
Parceiros da Portas Abertas fortalecem a Igreja Perseguida em Cuba por meio de distribuição de Bíblias, projetos de subsistência, treinamento bíblico, desenvolvimento de liderança, desenvolvimento socioeconômico e apoio para filhos e famílias de pastores.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para os projetos da Portas Abertas de apoio a cristãos perseguidos. Doando para esta campanha, sua ajuda vai para locais onde a perseguição é extrema e a necessidade é mais urgente.
Pai celestial, obrigado pela coragem dos cristãos em Cuba que continuam a falar do Senhor, apesar da intensa oposição daqueles que estão no poder. Dê-lhes sabedoria para saber quando falar e confiança de que o Senhor é soberano e o verdadeiro rei. Por favor, mude a atmosfera em Cuba, levando liberdade e justiça à vida cotidiana e fortaleça sua igreja lá. Amém.
HISTÓRIA DE CUBA
No final do século 15, povos indígenas ocuparam a ilha. Depois, Cuba foi fortemente influenciada pela Espanha imperial (de 1492 a 1898), União Soviética (dos anos 1960 a 1991) e dos Estados Unidos (a partir do século 19 até os dias atuais).
Após a Revolução Cubana (1953-1958), o país foi estruturado como um Estado comunista. Embora tenha havido ajustes aos postulados comunistas originais, o país ainda é governado de acordo com esse modelo econômico e político e a nova Constituição tem fortalecido o Partido Comunista de Cuba, que é tido como a força condutora da sociedade e do Estado. Nesse cenário, qualquer um que não aderir aos principais valores do partido é alvejado e reprimido. Cristãos que agem de acordo com suas crenças ou criam os filhos de acordo com a fé cristã — rejeitando a doutrina da escola cubana — são vistos como inimigos da revolução ou rebeldes.
Em 2018, a Assembleia Nacional de forma unânime escolheu Miguel Díaz-Canel como presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Ministros, uma posição que faz dele o líder político da ilha e representante do Estado, após o fim de seis décadas do governo da família Castro. Em 2019, Cuba introduziu uma nova Constituição, que mudou alguns pontos importantes, como a forma de governo e o reestabelecimento dos cargos de presidente e vice-presidente da República, mas continua com o sistema de partido único socialista.
Os altos e baixos do relacionamento com os Estados Unidos nos últimos anos também foram significativos. Após as tentativas do antigo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de restaurar as relações diplomáticas com Cuba, o sucessor, Donald Trump, impôs novas políticas restritivas e manteve os embargos financeiro, econômico e comercial. O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, restringiu as sanções contra Cuba em julho de 2021, após a ofensiva de oficiais cubanos contra manifestantes em protestos antigovernamentais que surgiram no país como resposta à COVID-19, a severa escassez de produtos e as violações dos direitos humanos.
HISTÓRIA DA IGREJA EM CUBA
O cristianismo se estabeleceu em Cuba em 1512 por meio de padres católicos romanos da ordem dominicana. Isso foi uma consequência da colonização espanhola. A primeira atividade protestante data de 1741, quando Cuba estava sob ocupação britânica. Por meio de um massivo fluxo de escravos da África, um culto sincrético, chamado santeria, se desenvolveu por volta de 1800, misturando elementos da fé católica romana com costumes iorubás.
Após ganhar independência da Espanha, em 1898, a dependência de Cuba dos Estados Unidos facilitou o estabelecimento de muitas igrejas e movimentos protestantes, incluindo metodistas, adventistas, presbiterianos, quakers, batistas e luteranos. O espiritismo também foi introduzido no período.
CONTEXTO DE CUBA
A Constituição de 2019 teve um impacto significativo no cenário religioso do país. Apesar de confirmar que o Estado reconhece, respeita e garante liberdade religiosa, com diferentes fés desfrutando da mesma consideração, a Constituição também torna ilegal a objeção de consciência e falha em usar linguagem apropriada para proteção da liberdade religiosa como declarada no Artigo 18 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que Cuba assinou em 2008. Essa é uma limitação séria em um país onde a própria Constituição declara que o Partido Comunista de Cuba é a força política condutora da sociedade, controlando toda ordem social, econômica e política. Sob essa premissa, cada dimensão da vida em Cuba, incluindo a dimensão religiosa, deve ser estruturada de acordo com a “força governante superior”.
As atitudes do governo com relação às igrejas dependem do quanto elas se submetem às ordens e ideologia dele. O Conselho de Igrejas de Cuba (CCC, da sigla em inglês), por exemplo, é composto principalmente por denominações protestantes que têm fortes laços com o governo. Deve ser notado que há igrejas afiliadas ao CCC, que foram registradas antes de 1969, que não concordam necessariamente com o governo, embora elas sejam exceções. Autorizações, permissões e registros são mais facilmente conseguidos por membros dessas igrejas, desde que continuem aliadas ao governo.
Os princípios centrais da fé cristã, principalmente aqueles relacionados à liberdade, contradizem os métodos totalitários e repressivos usados pelo regime para se manter no poder. Portanto, a liberdade religiosa é limitada, especialmente quando cristãos desafiam o Partido Comunista ao dizerem o que pensam e questionarem a ideologia do governo.
A polícia cubana tem usado o método de atacar os meios de sobrevivência de pastores e suas famílias para fazê-los pedir demissão. Líderes de igrejas tiveram que parar de publicar qualquer crítica ao governo, e grupos cristãos foram proibidos de visitar ou oferecer ajuda humanitária para aqueles em greve de fome em protesto contra o regime.
A nível social, a vulnerabilidade da população cubana piorou. Antes da pandemia, já havia uma crise, mas as medidas de lockdown, o fechamento das fronteiras e as últimas reformas econômicas impactaram a economia, causaram mais pobreza e criaram a falta de itens básicos, remédios e serviços. A isso devem ser acrescentados os contínuos cortes de energia, escassez de comida e mal gerenciamento da pandemia da COVID-19. Paralelo a isso, há uma crise habitacional em curso que forçou diversas famílias a compartilhar uma única casa. Muitos cubanos não têm água corrente disponível e precisam ficar em longas filas para receber água, comida e medicamentos.
O aumento da crise causou ira entre o público geral. Em julho de 2021, pela primeira vez em décadas, cubanos realizaram protestos contra o governo. Durante manifestações pacíficas, cidadãos denunciaram atos de repressão da polícia e cortes de internet. Alguns pastores e padres envolvidos nas manifestações foram agredidos e arbitrariamente presos. Um grupo de uma igreja católica manteve uma linha de ajuda disponível para parentes daqueles que foram presos. Como forma de aliviar o descontentamento da população, o governo cubano anunciou, em julho de 2021, a autorização para viajantes importarem comida, produtos de limpeza e remédios sem limites nem pagamento de tarifas até dezembro de 2021.
A Constituição da República, no artigo 36, e o Código da Família, no artigo 2, preveem direitos iguais para homens e mulheres em relações conjugais e familiares. Na prática, no entanto, o país continua operando de acordo com as normas patriarcais. As mulheres devem assumir mais responsabilidades na esfera doméstica, com os tradicionais estereótipos de gênero persistindo. A violência doméstica comprovadamente subiu durante a pandemia da COVID-19.
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