Portas Abertas • 12 jul 2023
Extremistas tomaram áreas negligenciadas pelo governo e deixaram mais de 30 mil cristãos sem casa
Pela primeira vez, em 2023, Burkina Faso está entre as maiores crises de deslocados internos negligenciadas do mundo. O ranking é resultado de uma pesquisa anual do Conselho de Refugiados da Noruega e, neste ano, está repleto de países da África Subsaariana.
A maioria das nações já estava na lista desde a primeira pesquisa, há sete anos. Mas, como as doações e a atenção das mídias e agentes internacionais têm priorizado a crise na Ucrânia, não há recursos suficientes para ajudar o número crescente de necessitados na África e em outras nações. Dessa forma, crises já existentes se agravaram, pois o número de organizações que as socorrem está reduzido.
Muitas partes de Burkina Faso não podem ser acessadas por causa da insegurança, no entanto, parceiros da Portas Abertas permanecem trabalhando no país por meio de cuidados pós-trauma e kits com recursos básicos de sobrevivência, como alimentos, para aproximadamente 30 mil cristãos deslocados, sendo a maioria mulheres e crianças.
Nos últimos anos, Burkina Faso viu a insurgência da violência, principalmente de grupos militantes islâmicos, como o Grupo de Apoio ao Islã e Muçulmanos (JNIM, da sigla em inglês). Estima-se que 40% do território não está mais sob controle do governo no país que já sofreu dois golpes políticos em 2022. Por isso, um em cada dez cidadãos de Burkina Faso foram forçados a deixar suas casas, também segundo o relatório norueguês.
Os cristãos são os mais vulneráveis e enfrentam altos níveis de insegurança, com assassinatos e ataques a igrejas, de acordo com os analistas da Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2023. “Ataques semelhantes estão acontecendo no Níger, Mali e no Grande Sahel o que torna a situação em Burkina Faso muito séria”, diz um dos analistas.
A violência na África Subsaariana, aumentou significativamente em 2022 e as últimas análises do Centro de Estudos Estratégicos da África mostram que 40% dos atos violentos na África são responsabilidade de grupos militantes islâmicos. Todos esses dados explicam a ascensão de Burkina Faso na LMP 2023, saindo da 32a para a 23a posição entre os 50 países mais perigosos para os cristãos.
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