Portas Abertas • 24 ago 2023
No Vietnã, o governo monitora as atividades cristãs e exerce um alto nível de pressão sobre os seguidores de Jesus
A opressão comunista e pós-comunista é um dos nove tipos de perseguição apresentados pela Portas Abertas. Ela descreve a situação em que os cristãos são perseguidos e as igrejas controladas por um sistema de Estado comunista ou que deriva de valores comunistas. A chave para o controle das igrejas é um monitoramento rígido, além do registro das mesmas. Esse sistema também é usado em países mesmo após a queda do comunismo. Embora esse tipo de perseguição se baseie na combinação entre pressão e violência, a violência muitas vezes não é clara porque o sistema de controle da igreja é rígido.
Dos 50 países classificados na LMP 2023, quatro têm a opressão comunista e pós-comunista como principal tipo de perseguição. Todos estão no Leste e Sudeste Asiático, sendo eles: Coreia do Norte, China, Vietnã e Laos. Além desses, a opressão comunista e pós-comunista está presente apenas em outras duas nações, sendo ambas na América Latina: Cuba e Nicarágua.
O governo no Laos tem uma visão negativa dos cristãos, mas reconhece o cristianismo como uma das quatro religiões oficiais
Nos últimos anos, sob a liderança do presidente Xi Jinping, a China mostrou um crescimento na ortodoxia da ideologia comunista. A meta do Partido Comunista em manter o poder e a harmonia social inclui o aumento no controle do crescimento da minoria cristã. Um exemplo é o caso de alunos de escolas públicas na província de Zhejiang, no Centro da China, que foram obrigados a declarar em um formulário quais religiões seguiam.
Li*, um contato local, disse que ao menos duas famílias da igreja dele foram afetadas pela investigação. Os filhos, crianças na pré-escola e pré-adolescentes no ensino fundamental, ingenuamente preencheram o formulário com a religião da família. Então os professores convocaram os pais desses alunos e os colocaram em salas separadas para confirmar a declaração de religião e pedir que assinassem uma declaração renunciando à fé cristã. Se não assinassem, na pior das hipóteses, os filhos seriam expulsos da escola. “Estamos sem opção. O futuro de nossos filhos será prejudicado”, conta o pai de uma das crianças. Ele percebe a diferença na forma como as crianças estão sendo tratadas desde então.
Se pais e alunos na China não negarem a fé, crianças cristãs são expulsas da escola (foto representativa)
Já na Coreia do Norte, uma das formas de violência contra cristãos ocorre por meio do sistema de campos de trabalho forçado e prisões. No começo de 2020, a Coreia do Norte anunciou uma nova lei, chamada DPRK, que rejeita culturas e ideologias reacionárias. Isso basicamente pune a posse e o uso de propaganda e materiais estrangeiros que são contra a cultura norte-coreana. Quanto aos cristãos, a lei faz menção explícita à Bíblia, que é chamada de livro ilegal. Possuí-la é punível com dez anos de trabalho correcional e até mesmo com a morte, caso sejam importados muitos materiais.
Há anos, ler e possuir uma Bíblia no país é ilegal e a punição é muito severa. No mínimo, a pessoa será torturada na prisão por meses. Então será enviada para um campo de reeducação ou de prisioneiros políticos. “Por exemplo, no início de 2022, havia um grupo de cristãos que aparentemente se encontrava algumas vezes. Um contato disse que eles provavelmente foram traídos. A polícia os prendeu, e eles foram executados pelas autoridades”, conta irmão Simon (pseudônimo), que coordena o ministério da Portas Abertas com cristãos norte-coreanos.
Irmão Simon precisou trocar de nome desde que foi perseguido por agentes secretos
Apesar de a Coreia do Norte ser um país comunista, na prática, o culto à personalidade em torno da família Kim domina. Entretanto, como o país ainda é governado de acordo com costumes administrativos comunistas, esse tipo de opressão ainda é o principal tipo de perseguição, mas pode ser visto em conjunto com a paranoia ditatorial. O comunismo ainda mantém uma forte influência no país.
Na China, a meta do Partido Comunista é manter o poder por meio da unidade nacional e ao limitar as influências externas. Os governantes fazem todo o necessário para alcançar esse objetivo. Isso inclui o controle de todas as religiões, por serem consideradas uma força poderosa na sociedade. Em muitas regiões, atividades cristãs são cada vez mais impedidas (principalmente no que diz respeito a atividades para crianças e acampamentos para jovens). Além disso, embora igrejas domésticas ainda sejam o principal alvo, as que são controladas pelo governo também enfrentam controle severo.
No Vietnã, o governo monitora as atividades cristãs e exerce um alto nível de pressão sobre os seguidores de Jesus. A principal meta das autoridades comunistas é manter todos os grupos e organizações sob controle a fim de perpetuar seu próprio poder.
No Laos, para manter o controle, o Partido Comunista coloca uma pressão enorme sobre a sociedade, incluindo a pequena minoria cristã. Por definição, o governo tem uma visão negativa dos cristãos, porém, reconhece o cristianismo como uma das quatro religiões oficiais, mesmo sendo visto como uma ideologia ocidental que desafia o comunismo. As autoridades controlam todas as informações, incluindo jornais e rádios. A pressão do Estado, além do monitoramento, é sentida de forma mais intensa por meio das autoridades locais nas vilas e províncias. Muitas vezes, autoridades locais fazem uso da hostilidade da sociedade para com os cristãos para justificar seus próprios atos contra eles.
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