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Chade é cercado por países que enfrentam desafios com a presença de grupos jihadistas radicais. Nesse contexto, ser cristão traz vários riscos. Os cristãos de origem muçulmana estão sujeitos às ações violentas por parte da família e comunidade, por isso muitos mantêm a nova fé em segredo.
Mas os demais cristãos também enfrentam hostilidade de grupos extremistas, como a interrupção de cultos e de outros eventos cristãos públicos. Famílias cristãs de origem muçulmana correm o risco de serem discriminados socialmente, e os filhos enfrentam bullying na escola devido às crenças religiosas dos pais.
A ação de grupos jihadistas como o Boko Haram tem como alvo principalmente os convertidos. Eles também enfrentam discriminação em campos de deslocados internos e são pressionados a renunciar à fé em Jesus.
Embora a Constituição garanta a liberdade religiosa, as autoridades locais muitas vezes se recusam a reconhecer conversões de muçulmanos para o cristianismo. O registro obrigatório da igreja acrescenta complexidade à situação. No geral, os convertidos estão cercados por ameaças políticas, familiares e de radicais islâmicos.
ACHIAM (PSEUDÔNIMO), CRISTÃ EX-MUÇULMANA NO CHADE
Mulheres e meninas no Chade são alvos de divórcio e casamento forçado, prisão domiciliar, sequestro por grupos jihadistas e violência sexual; além disso, a mutilação genital feminina é recorrente em 13 das 23 províncias. Dentro desse contexto islâmico, as cristãs são vulneráveis tanto por causa da religião quanto pelo sexo feminino.
As mulheres cristãs no Chade são vulneráveis à violência física e sexual quando são sequestradas e forçadas a se casar com soldados do Boko Haram. Quando são abusadas, elas engravidam e são afetadas emocionalmente, pois perdem a honra e o respeito diante dos familiares e da comunidade. Muitas veem os filhos como um lembrete do crime cometido contra elas.
Cristãs de origem muçulmana enfrentam casamento forçado e precoce, particularmente nas áreas rurais (61% das meninas se casam antes dos 18 anos). Muitas meninas cristãs são retiradas da escola e casadas à força com um muçulmano, com o objetivo de restaurá-las ao islamismo. As que recusam esses casamentos podem enfrentar sérias repercussões, incluindo violência dos pais e outros membros de sua família ou comunidade.
Se já forem casadas no momento da conversão, o marido das cristãs é pressionado pela família e sociedade a se divorciar delas e negar o acesso aos filhos. Assim, muitos lares se desintegram, pois os filhos perdem o acesso às mães e aos cuidados maternos.
Mulheres e meninas também podem enfrentar dificuldade de acesso à comunidade cristã ou de frequentar os cultos, pois são submetidas a prisão domiciliar ou recebem mais tarefas para evitar que saiam de casa.
Homens e meninos têm mais probabilidade de serem alvos e mortos durante ataques, enfrentar prisões e detenções ilegais, sofrer violência física, sequestros, marginalização e ter a herança negada. A perseguição assume várias formas, incluindo assédio econômico em termos de negócios, emprego e acesso ao trabalho, bem como recrutamento militar ou serviço que fira seus valores.
Homens e meninos cristãos no Chade são mais vulneráveis à perseguição de grupos militantes islâmicos, como o Boko Haram. Alguns já relataram que foram sequestrados, forçados a se converter ao islamismo e recrutados à força para as fileiras de grupos jihadistas para servirem como combatentes. Meninos e homens, principalmente no Leste do Chade, são forçados a organizar grupos de autodefesa, armando-se basicamente com lanças, facas e flechas com pontas envenenadas, com objetivo de desencorajar e se defender de ataques da milícia na ausência de qualquer exército substancial ou presença de polícia provida pelo governo chadiano. Meninos também são induzidos a dormir em campos abertos e cuidar de animais para que não sejam roubados por milícias armadas.
Rituais de iniciação na região sul do país também são motivo de preocupação. Esses ritos de iniciação geralmente ocorrem a cada sete anos e incluem flagelação, humilhações sexuais, uso de drogas, queimaduras com carvão e simulação de enterros. Se não fugirem, cristãos serão forçados a participar – filhos de pastores são os alvos principais. Pastores que falam contra os perigos desses rituais historicamente enfrentam represálias. Em áreas como Bitkin, pastores são alvo de abuso verbal e outras formas mais severas de hostilidade.
Além disso, meninos e homens também enfrentam desafios no trabalho, tendo cargos e promoções negados. Isso é, em partes, devido ao fato de que é exigido que eles façam um juramento público religioso com o objetivo de alcançar cargos em escritórios do governo. Cristãos são, portanto, impedidos de alcançar posições de influência e levados a circunstâncias econômicas mais difíceis.
Posições no governo e cargos militares de alta patente são dominadas por muçulmanos, sendo extremamente difícil para cristãos alcançar tais postos. Famílias de meninos e homens cristãos recrutados à força por grupos radicais provavelmente também enfrentarão estresse financeiro. Geralmente, nas ações dos grupos de milícia armados, homens e meninos que não têm proteção suficiente acabam sendo mortos. Principalmente para famílias cristãs, a perda de um pai ou filho, que geralmente é o mantenedor da casa, é muito devastadora e pode destruir a família e levar outros membros da família a dificuldades econômicas.
Os cristãos de origem muçulmana são mais afetados pela violência de suas famílias e comunidades. Os que são presos pela polícia passam por tratamentos severos nas prisões, que geralmente incluem tortura e outras formas de abuso físico e mental, alguns até morrem por isso.
Quando uma conversão é descoberta, os cristãos são isolados tanto pela família, como pela comunidade local. Alguns tiveram suas propriedades queimadas e danificadas, foram deserdados e expulsos de casa, embora isso não tenha sido relatado no período da Lista Mundial da Perseguição 2024 (1 de outubro de 2022 a 30 de setembro de 2023). Isso pode colocá-los em uma posição econômica difícil a longo prazo.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Chade são: opressão islâmica, paranoia ditatorial, corrupção e crime organizado e opressão do clã.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Chade são: grupos religiosos violentos, líderes religiosos não cristãos, cidadãos e quadrilhas, parentes, oficiais do governo, grupos paramilitares e líderes de grupos étnicos.
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