Portas Abertas • 9 set 2023
Pela lei, até três gerações da família devem pagar pelos crimes dos antepassados (foto representativa)
Hoje celebra-se o 75° ano desde a Fundação da República da Coreia do Norte. Durante 20 anos, a nação ocupou a primeira posição como país mais perigoso para os cristãos e, após uma pequena queda no ano passado, em 2023, a Coreia do Norte voltou ao topo da Lista Mundial da Perseguição.
Também este ano, um cristão norte-coreano visitou o Brasil. Timothy Cho esteve conosco na celebração de 45 anos da Portas Abertas e passou por algumas igrejas. Ele testemunhou como é a Coreia do Norte e os desafios que enfrentou antes de se exilar no Reino Unido, onde se tornou um cidadão britânico.
Enquanto as autoridades norte-coreanas celebram hoje o governo autoritário que tem reprimido tantos cristãos, conheça dez curiosidades sobre a Coreia do Norte.
A capital da Coreia do Norte, Pyongyang, já foi conhecida como a “Jerusalém do Oriente”. A família Kim, que governa o país há mais de cem anos, tem raízes cristãs. Segundo o historiador Andrei Lankov, a bisavó do atual líder norte-coreano, Kim Jong-un, era cristã.
O cristão Timothy Cho confirmou em entrevista, enquanto esteve no Brasil, que a avó de Kim Jong-un foi batizada pelo sogro de Billy Graham, o evangelista, durante o avivamento de Pyongyang, em 1907. O primeiro líder norte-coreano foi educado, portanto, em uma família camponesa simples e cristã e estudou em uma das instituições de ensino fundadas por missionários da família Graham na Coreia do Norte.
Desde criança, as pessoas são ensinadas que os cristãos e missionários são pessoas más, sendo associados a figuras como bruxos, vampiros e traficantes de seres humanos. Essa ideia é defendida por meio de “contos” infantis, desenhos, quadrinhos, filmes, músicas e outros materiais, conforme relatado em 2021 no webinário da ONG Korea Future Initiative.
Nem as crianças são poupadas dos castigos
Os filhos herdam o castigo do crime cometido pelos pais até a 3ª geração. Eles são considerados traidores da nação e severamente punidos, conforme o exemplo recente de uma criança de dois anos que foi presa porque sua família possuía uma Bíblia.
As calças jeans são consideradas símbolo do imperialismo norte-americano, conforme afirmou em entrevista a um órgão de mídia o ex-embaixador do Brasil na Coreia do Norte, Roberto Colin. Como o governo norte-coreano combate ferozmente qualquer influência ocidental, o uso de calças jeans é proibido para os norte-coreanos, especialmente as rasgadas e skinnys, que imitam o estilo de cantores pop.
Quando alguém adquire uma TV, o governo bloqueia os canais, deixando apenas o canal estatal. Diversos portais de notícias compartilharam como esse desafio aumentou durante o isolamento na pandemia de COVID-19, quando as pessoas ficavam fechadas em casa com acesso exclusivo a canais estatais. Frequentemente, oficiais visitam residências para garantir que esse sistema não tenha sido burlado.
Todos os norte-coreanos são classificados segundo o sistema Songbun
A população norte-coreana está dividida em classes sociais (songbun, em coreano). A subdivisão leva em consideração os antecedentes políticos da família, fatores econômicos e o comportamento dos indivíduos. Seguindo esses critérios, os cidadãos são colocados em três classes: leal, neutro ou hostil. Essa divisão influencia o acesso a alimentação, educação, saúde, emprego e outros recursos, conforme confirmam organizações de defesa dos direitos humanos das Nações Unidas.
Filmes e séries estrangeiros são proibidos no país. Em 2022, dois jovens norte-coreanos foram executados e um foi enviado para um campo de trabalho forçado por assistirem a uma série sul-coreana, enquadrados na Lei do Pensamento Antirreacionário que busca extinguir qualquer influência ocidental da Coreia do Norte.
Quando uma criança nasce, ela já é considerada com um ano de idade, pois em vários países da região, como Coreia do Sul, Taiwan, China e Vietnã, o período da gestação é contado como tempo de crescimento e desenvolvimento, por isso a criança tem um ano ao nascer. Mas só na virada de ano a idade aumenta, não no dia do aniversário. Assim, uma pessoa que nasceu em dezembro completa dois anos já no mês de janeiro.
Muitos alunos sequer têm o mínimo necessário para estudar
Timothy Cho, o cristão norte-coreano que veio ao Brasil, contou que praticava a língua coreana no chão, por falta de papel e caneta. Além da escassez de material, as escolas priorizam a doutrinação a favor do regime em detrimento da educação das ciências humanas, naturais e exatas que conhecemos. Hoje, Timothy possui uma coleção de canetas. O acesso a papel e caneta permitiu que ele fosse muito além do que um dia imaginou. Hoje, ele é mestre em Relações Internacionais.
Qualquer pessoa na Coreia do Norte precisa de autorização para viajar entre as cidades. As pessoas não têm a liberdade de escolher seu destino e não podem viajar livremente. Cada passo é monitorado, especialmente quando se suspeita de tratar-se de uma reunião da igreja secreta.
Muitos cristãos norte-coreanos acreditam na possibilidade de queda do governo e na abertura do país. Eles estão prontos para pregar o evangelho em todas as partes da nação quando isso ocorrer.
Esses são alguns dos aspectos socioculturais atuais da Coreia do Norte. Para os cristãos, as restrições são ainda maiores. Você pode conhecer detalhes desses desafios no link. Vamos orar por nossos irmãos na fé norte-coreanos?
Pai, sua igreja clama em favor dos cristãos secretos na Coreia do Norte. Proteja os seus filhos, ajude-os a permanecer na fé e que eles nunca se esqueçam de que são amados e que não enfrentam a perseguição sozinhos. Clamamos também pelos norte-coreanos que ainda não lhe conhecem, especialmente os governantes. Que os corações se rendam ao seu amor e sua graça e que essa nação desfrute da liberdade que somente o evangelho pode proporcionar. Ouve nossa oração, Deus. Amém.
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