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As autoridades locais têm poder considerável e tendem a usá-lo sob a influência da comunidade islâmica local. Isso tem uma forte repercussão para convertidos ao cristianismo. Igrejas ortodoxas russas experimentam menos monitoramento por parte do governo, pois geralmente não tentam fazer contato com a população quirguiz. São os cristãos nativos de origem muçulmana que suportam o peso da perseguição. Alguns desses convertidos são presos dentro de casa por longos períodos por suas famílias e são agredidos. Professores islâmicos locais pregam contra eles e podem fazer com que sejam expulsos de suas comunidades.
Apesar das leis no Quirguistão garantirem direitos iguais a homens e mulheres, a cultura islâmica tradicional coloca as mulheres em um nível abaixo dentro do contexto familiar. Mulheres e meninas são excluídas dos processos de tomada de decisão e expostas a violência de várias formas, incluindo violência doméstica, sequestro de noivas, casamentos precoces e abuso físico.
Nesse contexto, as mulheres não são livres para escolher a própria religião e enfrentarão perseguição se decidirem seguir a Cristo. A estrutura rígida da sociedade significa que as mulheres também são alvo de perseguição para atingir psicologicamente seus maridos ou outros membros da família.
Ao longo dos anos, mulheres e meninas cristãs sofreram abuso verbal e físico, prisão domiciliar, casamento forçado, violência familiar e agressão sexual. Um aumento na violência doméstica foi relatado em todo o Quirguistão após as medidas impostas para conter a COVID-19; especialistas locais também relataram um aumento na violência familiar contra mulheres convertidas presas em casa.
Conforme observado em anos anteriores, o Quirguistão tem uma longa tradição de rapto de noivas nas áreas rurais. As mulheres convertidas em regiões conservadoras correm o risco de serem sequestradas e forçadas a se casar com um muçulmano. Esse tipo de pressão é permitido por conselhos locais.
Se as convertidas já são casadas, os maridos muçulmanos se divorciam de suas esposas e negam o acesso aos bens e o contato com os filhos. Na zona rural, onde vive mais de 60% da população do país, uma pesquisa sugere que um em cada três casamentos começa com um sequestro de noiva. Embora a prática tenha se tornado ilegal em 1994, ela ainda é amplamente tolerada. ONGs locais estimam que quase 12 mil mulheres e meninas são sequestradas para casamento anualmente, deixando as meninas particularmente isoladas e vulneráveis
As cristãs de origem muçulmana também estão sujeitas a prisão domiciliar por suas famílias como uma forma comum e socialmente aceita de reverter a decisão de deixar o islã. Além disso, o acesso a redes sociais cristãs é restrito na esperança de que a seguidora de Jesus retorne à antiga fé.
Um exemplo da pressão aconteceu no período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2024, quando duas irmãs que se converteram em um acampamento cristão começaram a frequentar uma igreja e encontraram resistência de seus pais muçulmanos, que se tornaram agressivos. As jovens, que foram proibidas de ter contato com outros cristãos, estão em prisão domiciliar e só podem sair de casa para ir para a escola ou faculdade.
Homens convertidos ao cristianismo enfrentam várias formas de pressão e violência de membros da família e da comunidade local. Ao longo dos anos, homens e meninos cristãos sofreram abuso verbal e físico, prisão, interrogatório, multa, perda de emprego, prisão domiciliar, exclusão na herança e impedimento da participação em instituições comunitárias. De acordo com especialistas do país, as autoridades locais são conhecidas por cooperar com muçulmanos locais para impedir o acesso dos cristãos aos fóruns comunitários. Além disso, jovens convertidos que dependem dos pais correm risco de ter o apoio financeiro severamente reduzido; o que, no caso de estudantes, pode significar o fim dos estudos.
Os homens cristãos no Quirguistão correm maior risco quando são líderes da igreja e da família. Os empresários cristãos correm o risco de a comunidade boicotar ou atrapalhar seus negócios. Aqueles que trabalham como assalariados podem perder o emprego por causa da fé, então toda a família sofrerá.
Em casos de invasão a igreja, os líderes são detidos, interrogados e multados. Muitos muçulmanos consideraram os líderes da igreja como os principais responsáveis pela conversão de pessoas de seu povo.
Houve casos em que os líderes cristãos não puderam mais continuar com seu ministério porque seus negócios foram atacados e não tinham como manter a comunidade cristã com o dinheiro do próprio bolso. A perseguição de um líder da igreja impacta a congregação como um todo, causando medo e ansiedade. Os homens cristãos enfrentam discriminação diária, seja no local de trabalho, no exército ou na comunidade local. A pressão é maior nas áreas rurais, longe das grandes cidades. Supostamente, há um número muito pequeno de cristãos em órgãos oficiais do governo, mas apenas — como explicou um especialista do país — “para dar a impressão de que tudo está bem”.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Quirguistão são: paranoia ditatorial, opressão islâmica e opressão do clã.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Quirguistão são: oficiais do governo, cidadãos e quadrilhas, partidos políticos, líderes de grupos étnicos, líderes religiosos não cristãos e parentes.
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