Portas Abertas • 05 jul 2021
Ruínas de uma das igrejas atacadas no Sri Lanka no domingo de Páscoa em abril de 2019
Que a perseguição atinge mais de 360 milhões de cristãos no mundo, talvez você já saiba. Mas você sabia que apenas entre 1 de outubro de 2020 e 30 de setembro de 2021 mais de 5,1 mil igrejas ou prédios cristãos, entre escolas, hospitais, cemitérios, foram atacados, danificados, bombardeados, saqueados, destruídos, incendiados, fechados ou confiscados por razões relacionadas à fé?
O número subiu em 14% se comparado ao período anterior, que totalizou 4.488 ataques. Porém quando tratamos de ataques às igrejas, é importante considerar também a história recente. Além do aumento do número atual quando comparado ao último ano, ainda é preciso entender que os 5.110 casos referentes a 2022 não devem ser olhados de forma independente.
A esses casos devem ser adicionados o de anos anteriores, afinal as igrejas atacadas ainda são afetadas atualmente. Por conta disso, tais números devem ser somados, possibilitando o entendimento da gravidade da situação. Sendo assim, apenas nos últimos três anos, mais de 19 mil igrejas foram afetadas.
Os ataques a prédios cristãos acontecem com mais frequência na Ásia, que acumula 71% dos ataques, em comparação a 23% na África e 4% na América Latina. Entre as dez primeiras posições dos países em que ocorreram mais ataques estão: China, Nigéria, Bangladesh, Paquistão, Catar, República Centro-Africana, Burkina Faso, Moçambique, Burundi e Angola.
Soldados fecham igreja na Argélia impedindo que cristãos se reúnam para cultuar
No dia 5 de julho é a independência da Argélia. O país, localizado no Norte da África, está classificado na 22ª posição da Lista Mundial da Perseguição 2022. E esse é um exemplo de país onde igrejas são atacadas. Nos últimos anos, noticiamos o fechamento de diversas igrejas, principalmente por ordem do governo. O país contabilizou quatro ataques nos períodos referentes ao ranking de 2022 e 2021 e 13 referentes ao de 2020. No total, 21 edifícios foram afetados de alguma forma.
Para entender melhor a situação no país, é preciso estar claro que, em locais onde cristãos enfrentam a perseguição, essa pode ser ocasionada de duas principais formas, por pressão ou violência. A pressão geralmente ocorre em todas as áreas da vida, mas não de forma violenta. Já a violência se manifesta por meio da privação de liberdade física, sequelas físicas ou mentais ou ainda danos a propriedades de cristãos. No caso da Argélia, com base na pressão aos cristãos, o país se classificaria na 19ª posição. Já com o foco na violência, estaria em 49º lugar.
Muro de igreja é completamente destruído na capital do Sudão por extremistas islâmicos
Um prédio histórico de uma igreja na cidade costeira de Mostaganem, na Argélia, foi devolvido a EPA, uma organização das igrejas protestantes no país. Entretanto, isso não reflete nenhuma mudança na postura negativa do governo quanto aos cristãos. De acordo com um analista da Portas Abertas, a devolução foi uma surpresa. Apesar do veredito judicial em maio de 2019 ser favorável à igreja, não havia nenhuma expectativa de que as autoridades realmente devolvessem o prédio.
Na Argélia, é proibido a realização de cultos em prédios não designados para isso, principalmente porque a comissão de licenças não emitiu uma única licença desde sua criação, em 2006. Desde 2017, 20 igrejas foram obrigadas a encerrar suas atividades. Dessas, 16 continuam com as portas oficialmente lacradas. Além disso, após a flexibilização das restrições da COVID-19, as mesquitas foram abertas novamente, porém as igrejas protestantes não receberam permissão oficial para reabrirem.
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