Portas Abertas • 04 mai 2023
Perseguição aos cristãos aumentou nos 30 anos de Lista Mundial da Perseguição
Em 2023, a Lista Mundial da Perseguição (LMP) completa 30 anos. Nesse tempo, a metodologia da pesquisa evoluiu e os dados sobre a perseguição aos cristãos também mudaram. Na primeira edição da LMP, publicada em 1993, havia apenas 40 países – com nível alto, severo ou extremo de perseguição. Hoje, são 76 nações onde há perseguição, sendo 50 na Lista Mundial da Perseguição, com níveis de perseguição extremo e severo, e mais 26 na Lista de Países em Observação. Isso indica que a perseguição está aumentando e se espalhando em todo o mundo.
A perseguição costuma aparecer em um grupo social pequeno e radical, que representa uma religião ou ideologia específica e espalha suas ideias. Isso pode acontecer com ou sem violência. O vácuo social ou político torna-se um terreno fértil para ideologias e ações.
Segundo Frans Veerman, diretor executivo da LMP, “o grupo social radical conquista a adesão da sociedade e do Estado com o tempo e todos juntos pressionam os dissidentes, a ponto de quase sufocá-los. “A cultura como um todo é, então, assumida pela agenda desse grupo social radical e sua visão de mundo se torna a principal fonte cultural”, acrescenta Veerman.
Os tipos de perseguição podem variar, mas o objetivo é desencorajar a pessoa de seguir a Jesus e fazê-la professar a fé dominante no país. Pressão e agressões físicas, psicológicas e sexuais costumam vir de familiares, vizinhos, agentes de governo, grupos extremistas, líderes religiosos e outros.
Os níveis de perseguição variaram nessas três décadas. De 1995 a 1999, a hostilidade aos cristãos aumentou, porém teve uma queda entre a LMP 1999 e a LMP 2006. Até a LMP 2010, os índices ficaram estáveis; no entanto, a perseguição aumentou acentuadamente da LMP 2011 até a LMP 2023.
De acordo com Wybo Nicolai, idealizador da pesquisa da Portas Abertas, várias pessoas em diferentes países estão ouvindo sobre Jesus, mas há consequências disso. “Na época atual, o evangelho alcançou quase todos os países. Então, segundo a Bíblia, o ódio de todas as nações será dirigido contra os cristãos: a perseguição não é mais regional ou nacional, mas global”.
O maior aumento da perseguição aos cristãos aconteceu na África entre a LMP 2010 e a LMP 2022. Os grupos extremistas islâmicos foram os principais causadores do crescimento da pressão e da violência contra os seguidores de Jesus.
O crescimento do extremismo islâmico mostrou seus efeitos na LMP 2003, quando houve os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos e a Guerra ao Terror em resposta. Na LMP 2012, os diversos protestos e as violentas respostas dos governos durante a Primavera Árabe também aumentaram a perseguição aos cristãos dos países do Oriente Médio e Norte da África. Mas a invasão do Estado Islâmico na Síria e Iraque colocaram os seguidores de Jesus ainda mais em perigo.
Há uma globalização da opressão islâmica e agora ela está presente em boa parte da Ásia também. Há muitas conexões diretas ou indiretas de grupos extremistas locais com os de grande poder, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico. Os grupos menores costumam ser financiados pelos maiores e esse dinheiro vem de diversas mesquitas e ONGs islâmicas baseadas na interpretação radical do islamismo.
Os países mais frequentes nas dez primeiras colocações da LMP são Coreia do Norte, Somália e Afeganistão. O principal motivo de haver perseguição nesses territórios é que o cristianismo é visto como um concorrente a outras religiões ou ideologias. Em países comunistas, os líderes devem ser honrados e obedecidos, mas os cristãos devem lealdade e adoração apenas a Jesus e sua missão é obedecê-lo, o que os transforma em dissidentes e inimigos do Estado. Já em locais onde o islã influencia diretamente a política, é comum que o governo e a comunidade reivindiquem autoridade total sobre o território.
Outras nações que estiveram presentes em todos as 30 Listas são: Sudão, China, Irã, Egito, Iêmen, Líbia, Paquistão, Nigéria, Índia, Iraque, Maldivas, Mianmar, Vietnã, Uzbequistão, Laos, Argélia, Tunísia, Brunei, Butão e Omã.
De acordo com Frans Veerman, diretor executivo da LMP, a maior ameaça à igreja em países onde há perseguição é a diminuição da resiliência causada pela perseguição incessante e o sentimento de abandono pelo resto do corpo de Cristo. Isso pode causar a perda de esperança e, consequentemente, o abandono da fé em Jesus.
Muitos entrevistados continuam dizendo que a maior ameaça não vem de fora, mas de dentro da igreja e se questionam: “A próxima geração estará preparada para o tipo de perseguição que estamos testemunhando? Eles são fortes em sua fé e em conhecer a Cristo e o evangelho?”.
Uma das grandes revelações da LMP é o entendimento de que a perseguição não se restringia a países comunistas e islâmicos, mas estava presente também em países de maioria budista e hindu, como Butão, Mianmar, Sri Lanka, Índia e Nepal.
De um modo mais geral, a LMP mostrou o quão complexa é a perseguição. Frequentemente, mais de uma fonte de perseguição está ativa em um país; diferentes fontes se sobrepõem ou se reforçam, criando um quadro complexo.
A Portas Abertas utiliza os dados da LMP para entender como a perseguição afeta os cristãos em diferentes países e, assim, agir de maneira mais direcionada e efetiva em favor dos irmãos e irmãs que enfrentam perseguição. A distribuição de Bíblias e literatura cristã foi o projeto que deu início à organização internacional e, em seguida, surgiram outros projetos, como treinamentos, ajuda socioeconômica, apoio jurídico, pesquisa e visitas para fortalecimento dos cristãos.
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