Portas Abertas • 27 ago 2023
Na Colômbia, grupos criminosos utilizam violência para manter a igreja sob controle, principalmente em comunidades remotas e indígenas
Corrupção e crime organizado é um dos nove tipos de perseguição apresentados pela Portas Abertas. Ela descreve a situação de perseguição em que grupos ou indivíduos criam um clima de impunidade, anarquia e corrupção como meio para enriquecimento próprio. Ela possui dois “ramos” principais: a corrupção de estruturas estatais e a corrupção da sociedade pelo crime organizado. Esse tipo de perseguição se expressa por meio da combinação entre pressão sistemática e violência.
Dos 50 países classificados na LMP 2023, apenas dois países, ambos latino-americanos, têm corrupção e crime organizado como principal tipo de perseguição: Colômbia e México. Além desses, esse tipo de perseguição também está presente em outros 23 países de forma secundária. São eles: Somália, Iêmen, Eritreia, Líbia, Nigéria, Paquistão, Irã, Afeganistão, Sudão, Síria, Mianmar, Maldivas, Mali, Iraque, Mauritânia, Burkina Faso, República Centro-Africana, Vietnã, Níger, Moçambique, República Democrática do Congo, Camarões e Nicarágua.
Em países da América Latina, como Colômbia e México, grupos criminosos (de drogas, tráfico humano, etc) utilizam violência para manter a igreja sob controle, principalmente em comunidades remotas e indígenas. Em nível nacional, os interesses desses grupos são servidos por políticos e protegidos pelo Estado. Isso resulta na luta entre grupos armados, perseguição e ataques, que afligem os cristãos locais.
Por causa da perseguição, Laura cresceu no Abrigo Lar Cristão, apoiado pela Portas Abertas na Colômbia
Na Colômbia, a infância de Laura foi marcada por ameaças, extorsão e assédio. “Sou de Guaviare, uma área dominada por grupos ilegais, mais conhecidos como guerrilhas”, conta a cristã que hoje tem 22 anos. Deus respondeu à oração da adolescente de 14 anos na época, que foi acolhida no Abrigo Lar Cristão, apoiado pela Portas Abertas, um lugar onde ela poderia ficar longe da guerra que a cercava.
Já no México, cristãos indígenas enfrentam severas punições e podem ser até mesmo expulsos das comunidades pelo simples fato de crerem em Jesus. Ao deixarem de seguir algumas tradições e costumes, são excluídos da comunidade onde cresceram e enfrentam solidão e angústia.
Um exemplo disso são cinco famílias que se reuniram com parceiros da Portas Abertas para receber apoio. Elas contaram que perseguidores exigiram o pagamento de uma taxa de quase 1.400 dólares por família para que a perseguição pare e os cristãos não sejam expulsos da comunidade.
A ameaça exige o pagamento dessa enorme quantia em até dois meses. Os parceiros locais estão ajudando os cristãos a estabelecerem projetos produtivos para que as famílias consigam se proteger, ter o sustento de que precisam e se libertar dos perseguidores, pois a terra e as colheitas das famílias cristãs foram tomadas antes da extorsão.
Muitos grupos criminosos não atuam apenas em comunidades sob seu controle, mas também estabelecem redes de atuação em vários outros estados mexicanos
O Índice de Percepção de Corrupção de 2021 classificou a Colômbia em 87º lugar entre 180 países. Apesar dos esforços iniciais na implementação do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), seis anos após a assinatura, dissidentes do grupo, membros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e outros grupos de guerrilha ainda lutam pelo controle de regiões inteiras a fim de conduzirem atividades ilegais.
Esse contexto levou líderes de igrejas e grupos cristãos a serem vítimas de monitoramento sistemático, sequestros, ameaças, extorsões, deslocamento forçado e mortes, bem como ataques a propriedades cristãs públicas e ameaças diretas a filhos de pastores. Essas medidas são direcionadas principalmente a cristãos que se opõem às atividades criminosas, defendendo os direitos humanos, pregando a combatentes e civis, conduzindo atividades de oração em áreas violentas e desencorajando jovens a se unirem a grupos criminosos.
Quanto ao México, a organização Transparência Internacional, em 2021, classificou o país na posição 124 de 180 países. Muitos grupos criminosos não atuam apenas em comunidades sob seu controle, mas também estabelecem redes de atuação em vários outros estados e atuam ativamente em todo o país. Esses fatores resultam em um combate contínuo entre os grupos, causando uma espiral de violência. Além disso, algumas comunidades formaram grupos de autodefesa para manter criminosos e policiais corruptos afastados; entretanto, muitos também os consideram criminosos.
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