O que é paranoia ditatorial?

Entenda como governos radicais violam a liberdade religiosa de cristãos

Portas Abertas • 26 ago 2023


Grande parte dos cristãos na Ásia Central enfrenta a paranoia ditatorial

Grande parte dos cristãos na Ásia Central enfrenta a paranoia ditatorial

Paranoia ditatorial é um dos nove tipos de perseguição aos cristãos descritos pela Portas Abertas. Ela ocorre quando governos autoritários usam violência, pressão e todos os meios possíveis para se manter no poder, mesmo que isso envolva violações graves dos direitos humanos, como a liberdade religiosa.  


A paranoia ditatorial é muito semelhante à opressão comunista e pós-comunista, no entanto, não é vinculada a uma única visão ideológica e envolve práticas extremas de repressão e ataques violentos. 
Em algumas nações, a pressão gerada pela paranoia ditatorial é tão intensa que o Estado não precisa usar a violência para tornar as igrejas não registradas ilegais e, assim, limitar a prática de fé dos cristãos locais. 


Esse tipo de perseguição se concentra em garantir o poder e os benefícios que o autoritarismo pode trazer. Os principais agentes desse tipo de perseguição, ou seja, as
fontes de perseguição são oficiais do governo em diversas posições, tanto na gestão local quanto nacional.  


Onde há paranoia ditatorial?
 


Ao todo, 63 países enfrentam esse tipo de perseguição do governo. Essas nações estão localizadas no
Leste da África, em grande parte da Ásia Central, no Oriente Médio e, também, na América Latina. 


Nesses países, a paranoia ditatorial oprime pessoas de diferentes níveis sociais por meio de governos autoritários. As autoridades recebem a ajuda de grupos de espionagem e vigilância que garantem o controle social e os ajuda a continuar no poder.  
 


Quantos países da Lista Mundial da Perseguição 2023 têm a paranoia ditatorial como o principal tipo de perseguição?
 


Na
Lista Mundial da Perseguição 2023, nove países enfrentam a paranoia ditatorial como principal tipo de perseguição. Eles são: Eritreia, Síria, Uzbequistão, Turcomenistão, Cuba, Bangladesh, Tajiquistão, Cazaquistão e Nicarágua. 


Outros nove países que apresentam a paranoia ditatorial como principal tipo de perseguição fazem parte da
Lista de Países em Observação 2023, ou seja, têm nível alto de perseguição. Eles são: Azerbaijão, Rússia, Ruanda, Venezuela, Burundi, Angola, Togo, Guiné e Bielorrússia 


 

Por causa da paranoia ditatorial, igrejas estão fechadas há mais de 20 anos na Eritreia (foto: David Stanley) 


A Eritreia é o único país no
Top10 da Lista Mundial da Perseguição 2023 que enfrenta a paranoia ditatorial como principal tipo de perseguição aos cristãos.  


Além dos 18 países citados, outras 45 nações enfrentam a paranoia ditatorial como tipo de perseguição secundário. Eles são:
Afeganistão, Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Brunei, Camarões, Catar, Chade, China, Comores, Coreia do Norte, Costa do Marfim, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Iêmen, Índia, Irã, Iraque, Jordânia, Kuwait, Laos, Malásia, Maldivas, Mali, Marrocos, Mauritânia, Mianmar, Moçambique, Nigéria, Omã, Paquistão, Quirguistão, República Democrática do Congo, Somália, Sri Lanka, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Territórios Palestinos, Tunísia, Turquia, Uganda, Vietnã 


Nessas nações, há paranoia ditatorial, mas o principal tipo de perseguição aos cristãos é outro.
Na Coreia do Norte, por exemplo, é a opressão comunista e pós-comunista. É importante destacar que entre os dez primeiros países da Lista Mundial da Perseguição 2023, o Top10, nove apresentam paranoia ditatorial como tipo de perseguição secundário. Apenas a Líbia não enfrenta em nível algum a paranoia ditatorial. 


Como a paranoia ditatorial se manifesta?
 


A Eritreia é um exemplo de local onde a paranoia ditatorial resulta em perseguição aos cristãos. O governo eritreu foi pouco a pouco aumentando o controle sobre as igrejas locais. A repressão acumulada ao longo dos anos resultou em uma intensa perseguição a novas comunidades cristãs.  


Apenas as igrejas mais antigas continuam legalizadas, pois
a maioria está fechada há mais de 20 anos e todas as igrejas novas que se formam são clandestinas e correm risco constante de serem descobertas. Quando isso acontece, os líderes cristãos são presos sob condições desumanas, em alguns casos, em contêineres, e torturados em interrogatórios para que delatem novos cristãos. 


Mesmo as igrejas tradicionais que têm o registro do governo, como a Igreja Ortodoxa, ficam sob constante vigilância e têm atividades, como evangelismo, limitadas ou proibidas. 
 


Vítima da paranoia ditatorial
 


Em abril deste ano,
um pastor morreu por causa da paranoia ditatorial. O líder cristão Teslay Yihdego pastoreava a igreja Meserete Kristos Church, na EritreiaEle foi preso em 2013 durante uma onda de detenções do governo eritreu contra líderes cristãos. Pouco tempo depois, Teslay foi diagnosticado com um tumor maligno no cérebro. A descoberta da doença e o avanço dos sintomas aconteceu durante os dez anos em que o pastor esteve preso.  


Ele não recebeu o tratamento médico de que precisava. Apenas no último minuto, quando estava prestes a morrer, pôde voltar para casa. Parceiros da Portas Abertas disseram que muitos líderes cristãos contraem doenças fatais quando
submetidos a longos períodos na prisão, pois as condições de saneamento e alimentação nos presídios são insalubres.  

 

Muitos cristãos ficam presos em contêineres na Eritreia  

 


Nem mesmo o sepultamento acontece de modo tranquilo. As autoridades levaram dias para permitir o sepultamento de Teslay Yihdego. Parceiros locais da Portas Abertas explicaram que autoridades usam essa estratégia contra cristãos para tornar o luto, que já é difícil, ainda mais desgastante para as famílias cristãs enlutadas. 
 

 

A paranoia ditatorial atinge os cristãos na Eritreia simplesmente porque seguem a Jesus em uma nação que vê o cristianismo como uma religião suspeita e uma ameaça para a manutenção do poder das autoridades. 

 

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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